Joaquim Brigas, presidente do Politécnico da guarda
IPG espaço de conhecimento aberto à inovação
Joaquim Brigas é o novo presidente do Instituto
Politécnico da Guarda. Em entrevista ao Ensino Magazine fala das
suas prioridades, daqueles que são os seus pilares enquanto linhas
de atuação. Aborda também a questão de uma possível residência para
estudantes e considera que a alteração de nome de politécnicos para
universidades politécnicas faz sentido. As respostas, enviadas na
volta do correio, aqui ficam.
Na sua tomada de posse falou em três pilares para o
desenvolvimento do IPG (as pessoas, a comunicação e a sociedade).
Qual a importância de cada um, e porquê a escolhas destas três
linhas de orientação?
Considero que estes três pilares são fulcrais, no atual contexto,
para a evolução do Politécnico da Guarda.
Docentes e não docentes fortemente motivados e apoiados na sua
formação profissional fazem toda a diferença. As pessoas são a
causa e a consequência de qualquer instituição; são o seu ativo
mais valioso e, assim, devemos investir nelas. Neste sentido,
procuraremos assegurar as melhores condições de trabalho com vista
ao investimento na qualificação do pessoal, apoiando o acesso à
formação profissional e à atualização de conhecimentos, mediante, e
dentro das possibilidades, a adequação das cargas letivas e o apoio
a iniciativas de natureza pedagógica, científica e cultural que
promovam sinergias internas e externas. Iremos criar, por
outro lado, condições para reforçar competências, nomeadamente no
domínio de línguas estrangeiras, de forma a incrementar a oferta e
o acesso de alunos de países estrangeiros.
A investigação faz parte desta estratégia?
Na área da investigação temos projetada criação de um Gabinete de
Apoio à Gestão integral de projetos e contratos de I&D, com
vista a estimular as linhas de investigação existentes e apoiar
novas linhas de interesse estratégico, para a sociedade e para o
IPG, potenciando novas formas de colaboração com o tecido
empresarial, social e cultural.
É nossa intenção apoiarmos a investigação aplicada, divulgando os
resultados de investigação de excelência, como forma de
reconhecimento; procuraremos reforçar e estabelecer novas parcerias
estratégicas com Centros de Investigação de referência.
Permita-me que sublinhe o quanto para nós é importante a realização
profissional de docentes e não docentes, pelo que importa
reconhecer o mérito do seu trabalho, respeitando sempre os
princípios da igualdade de oportunidades e dos valores do
pluralismo.
E em relação aos estudantes, o que deve sre
feito?
No que concerne aos nossos alunos temos o dever de lhes
proporcionar um ensino de qualidade, alicerçado nos melhores
recursos didáticos e tecnológicos e com professores muito
qualificados. Pretendemos dar-lhe um maio apoio ao nível da na
inserção no mercado de trabalho, através da criação de um gabinete
específico para o efeito.
É também nossa preocupação, como referi na minha tomada de posse,
garantir aos estudantes equidade no acesso aos vários apoios
sociais pelo que iremos trabalhar no sentido de aumentar o número
de quartos em residências. Apoiaremos ainda projetos que visem
novos incentivos sociais, de forma a travar o abandono escolar, por
insuficiência económica. Queremos um Instituto mais atrativo, mais
acolhedor, mais solidário.
A comunicação é outro dos pilares...
Outra linha de ação passa pela estratégia comunicacional. Queremos
implementar uma melhor comunicação pois ela é fundamental para o
sucesso da nossa instituição. A forma como comunicamos e a forma
como interagimos têm influência e impacto direto na qualidade dos
serviços que oferecemos.
A comunicação é indispensável para darmos a conhecer e promover
boas práticas e o que de melhor se faz no Instituto Politécnico da
Guarda. Para isso, implementaremos uma cultura de identidade e
unidade no IPG, de modo a revigorarmos a sua imagem pública.
Um terceiro eixo passa pela articulação com a sociedade. Queremos
reafirmar o IPG como uma instituição da sociedade e para a
sociedade.
Na sua perspetiva que desafios se colocam neste momento ao
IPG?
Aumentar o número de alunos, proporcionar melhores condições de
estudo, alojamento; modernizar equipamentos, interagir mais com a
sociedade, reafirmar o Politécnico da Guarda como instituição de
referência, internacionalizar ainda mais o IPG; ampliar
parcerias
Queremos que esta instituição seja um centro de atividades mais
atrativo, mais humano, mais inclusivo.
Ao nível da oferta formativa, considera que deve ser feito
algum ajustamento?
Temos alguns projetos que vamos desenvolver; começaremos por
apostar no reforço, adequação e criação da oferta formativa - por
medida, Cursos Técnicos Superiores Profissionais, Licenciaturas,
Formação pós-graduada e Contínua, não esquecendo nunca as
necessidades da região.
Para este efeito, não poderemos deixar de ouvir as autarquias, o
tecido empresarial, social e cultural do distrito.
O Politécnico da Guarda é um espaço de conhecimento aberto, dotado
de meios e recursos humanos qualificados, capaz de responder aos
desafios da atualidade.
Nesse sentido, desenvolveremos um vasto conjunto de soluções e
metodologias de formação à distância, cada vez mais procurada por
instituições e profissionais com necessidades de formação, mas que
estão restringidos a nível de tempo e deslocação. Com todas estas
medidas, esperamos incrementar o número de alunos.
O Ministro Manuel Heitor já referiu que os custos de curta
duração para pessoas já diplomadas são algo que as instituições de
ensino superior deverão ter em conta. O IPG está atento a essa
situação?
Com certeza que estamos. Essa é, aliás, uma via de crescimento do
Politécnico da Guarda em termos de alunos e, em simultâneo,
enquadra-se na desejada ligação do IPG com a sociedade, pois
responderemos às necessidades formativas desses diplomados de uma
forma mais célere e num contexto, objetivo de proximidade, sempre
atento às necessidades dos tecidos empresarial, social e
cultural.
Estamos já a trabalhar, juntamente com os novos diretores das
Escolas Superiores que integram o IPG para equacionarmos as
necessidades formativas desses diplomados e implementarmos essa
formação.
E no que respeita a formações pós-graduadas, novos mestrados, e
futuramente doutoramentos?
A formação pós-graduada, conferente ou não de grau, é uma vias para
dar resposta a necessidades concretas das instituições e empresas,
por um lado e a procura de públicos específicos por outro
lado.
A ligação do IPG ao tecido empresarial e à comunidade da
região de que forma pode ser reforçada?
Desde logo pela adequação de alguma oferta formativa às
necessidades locais e regionais, ao incremento da cooperação
institucional com autarquias, empresas, coletividades; por uma
estratégia de colocação de alunos estagiários nas empresas e
serviços aqui localizados; pela colaboração dos nossos docentes e
quadros técnicos em iniciativas conjuntas, úteis para a região,
inovadoras.
Mas lembro que também as empresas e serviços têm de se aproximar
mais do IPG e tomar a iniciativa, quando se justificar, de
apresentar ideias, carências, propostas.
A internacionalização é uma das áreas que as instituições
de ensino perseguem. De que forma ela deve ser feita e a que
níveis, no IPG?
Estamos também conscientes que a internacionalização é um caminho a
prosseguir; por isso, reiteramos aqui o nosso compromisso na
captação de estudantes internacionais.
Serão todos bem-vindos, ainda que privilegiemos os oriundos do
Brasil, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, não
esquecendo, os da vizinha Espanha!
Contudo, é nossa intenção reforçar parcerias com instituições
congéneres estrangeiras, dando sequência a anteriores ações e
rentabilizando os contactos já existentes, seja em território
europeu, seja em países da américa latina.
Ao nível da investigação, está em perspetiva a criação de
algum centro de investigação no IPG ou em parceria com outras
instituições?
Vamos apostar e apoiar a investigação aplicada ou aplicável, com
parcerias estratégicas, com centros de investigação de
renome.
O Ensino Politécnico está a assinalar 40 anos em Portugal.
Como é que avalia o contributo desse subsistema na qualificação do
país, e no caso concreto do IPG na região em que está
inserido?
O IPG tem tido um papel fundamental no desenvolvimento da Guarda e
da região, mas há muito mais a ser feito. Estamos dispostos em
continuar a dar o nosso contributo, para o desenvolvimento
sustentável da região, em estreita colaboração com outros atores
deste processo.
Recentemente lançou a ideia de transformar uma pousada de
juventude numa residência para estudantes. De que forma isso poderá
ser concretizado? Seria a solução para aumentar o número de camas
para quem escolhe estudar na Guarda?
Como afirmei há dias, na posse nos novos diretores, esperamos que
2019 traga mais dinâmica formativa e, consequentemente, novos
públicos e mais estudantes para o IPG.
Para isso temos que reunir melhores condições para a sua inserção
na comunidade académica e na comunidade local.
A recuperação da Pousada de Juventude da Guarda, uma iniciativa do
Governo, é um projeto que gostaríamos de ver concretizado o mais
depressa possível.
Em nossa opinião, a instalação de alojamento académico naquele
edifício só tem vantagens pela proximidade com a outra Residência e
com a Cantina II do IPG, e possibilitando a existência,
praticamente no centro da cidade, de uma sala de estudo a funcionar
vinte e quatro horas por dia; uma sala que poderá ser destinada a
alunos de todas as escolas.
Trata-se de um equipamento que faz falta na Guarda e cuja criação
integra o plano de ação que queremos também desenvolver.
Uma última questão, como avalia a possibilidade dos
Politécnicos serem classificados como Universidades Politécnicas ou
de Ciências Aplicadas?
A designação de universidades politécnicas parece-me mais
consensual nas discussões que tem havido do RJIES e é, por exemplo,
o modelo que existe também na vizinha Espanha.