Luísa Nunes, Docente da ESACB, faz exposição e livro
A fauna e a flora da Beira
A docente e investigadora da Escola Superior Agrária
de Castelo Branco, Luísa Nunes, tem patente desde o passado dia 10
de janeiro, na cidade albicastrense, a exposição de aguarelas e
fotografias «Encantal». A mostra fica patente na Casa Amarela -
Galeria Municipal (antigo edifício dos CTT) até 15 de março.
Associado à mostra está a edição do livro Notas de Campo na Beira,
numa edição da RVJ Editores. "Nesta expedição, contada em imagens e
pequenos textos, sobre o mundo natural da Beira Baixa, encontram-se
áreas quase intocadas onde persistem espécies raras e endémicas.
Nos céus, voam as maiores aves de rapina da Europa, caminha-se nos
campos floridos de rosmaninho e saltam-se muros de pedras
centenários revestidos de microcosmos de vida", diz Luísa Nunes, na
nota introdutória do seu livro, que surge ao público em edição
bilingue (português-inglês).
A exposição e o livro resultam do trabalho de campo realizado
entre 2016 e 2018 na região da Beira Baixa. A exposição foi
inaugurada por Luís Correia, presidente da Câmara de Castelo Branco
(entidade que apoiou este projeto) e a entrada para a mostra é
livre.
"Num percurso, quase
sempre solitário, atravessei ribeiras frágeis, adornadas de flora e
fauna muito própria, deslumbrei-me com a imensidade dos rios e suas
escarpas, os monumentos geológicos, a brama dos veados, os aromas
dos matos, os carvalhais", prossegue Luísa Nunes. Para a docente e
investigadora, "na Beira Baixa, tudo crepita nos dias imensamente
quentes de verão, quando só as cigarras se manifestam. Em situações
mais extremas, é-se obrigado a parar com o calor e percebe-se então
que estratégias usam as espécies, na sua sofisticada «rusticidade»,
para sobreviverem a estas condições. É nesse silêncio das horas
escaldantes que se aprende sobre a adaptação dos organismos à falta
de água, às altas temperaturas, à escassez de alimento".
Luísa Nunes recorda também os incêndios florestais que afetaram a
região: "Neste ano, também chegaram incêndios violentos e com
estes, mais lições da natureza". Para a docente, "a primavera e o
outono são estações demasiado bonitas para me demorar em mais
observações que não as de ordem contemplativa. Entre abril e maio é
interessante percorrer, os corredores de vegetação herbácea e
arbustiva, onde nos abrem caminho as ninfas de gafanhotos que por
ainda não possuírem asas, só conseguem saltar. Os polinizadores,
enchem os campos de rosmaninho, são abelhas de diferentes espécies.
Em outubro os campos lavrados criam mosaicos com a vegetação
natural e a composição da fauna modifica-se. O inverno pode ser tão
agreste quanto o verão mas os rios ganham força e trazem mais
abundância às regiões remotas que atravessam".
Natural de Lisboa, Luísa Ferreira Nunes é licenciada em Ecologia
Florestal e realizou pós-graduação em Biologia & Biomimetismo,
tendo desenvolvido o trabalho de doutoramento em ecologia de
insetos. É docente da Escola Superior Agrária do Politécnico de
Castelo Branco e é membro do Centro de Ecologia Aplicada Prof.
Baeta Neves (ISA-UTL).