Politécnico

Escola Superior Agrária de Castelo Branco
Horta móvel tem cariz solidário

horta_movel.jpgAlunos, professores e não docentes da Escola Superior Agrária de Castelo Branco criaram uma horta móvel com rodas. Um conceito inovador de cariz educativo e social desenvolvido no âmbito da disciplina de horticultura do 3º ano da licenciatura em Agronomia.
"A ideia é que esta horta, ao contrário das que são feitas em solo, possa estar disponível e ser também um mostruário para toda a comunidade escolar e para quem tenha interesse em ter uma horta em casa. A área proposta foi de um metro quadrado, uma área normalmente fácil de disponibilizar, numa varanda ou perto de casa", começa por explicar Fernanda Delgado, docente da escola e coordenadora deste projeto.
O entusiasmo dos alunos foi grande. Divididos por três grupos, cada um teve que apresentar o seu projeto para uma horta móvel, "que primasse pelos princípios da sustentabilidade, economia circular, autossustentabilidade, facilidade de cultivo e manutenção, baseado nas práticas de agricultura biológica", diz a professora, enquanto revela que as propostas foram depois avaliadas por um júri constituído pelos docentes Isabel Castanheira e Canatario Duarte, para além da própria Fernanda Delgado.
E assim nasceu uma horta com rodas. "O projeto vencedor foi executado por todos os alunos da turma em horas de aulas práticas e, no final, em horário extra. Foram semeadas algumas das culturas nos inícios de dezembro para termos plantas para transplantar em janeiro. A rotação de culturas foi feita em conjunto em sala de aula, bem como os compassos e número de plantas necessárias", exemplifica.
Para se realizar a sementeira foi necessário criar a estrutura. Fernanda Delgado recorda que nela foram utilizados "materiais reciclados trazidos pelos alunos e materiais existentes nas oficinas e serralharia da própria escola, cuja direção apoiou esta iniciativa".
O momento era de unir esforços e partilhar sinergias: "Para os trabalhos de serralharia contámos com a ajuda imprescindível do funcionário António Farias". Aos alunos do grupo vencedor (Diana Neto, Henrique Matos, Alexandra Lucas e Sérgio Torrão) juntaram-se todos os outros (Luís Matos, João Costa, João Abreu, José Marto, Frederico Carvalho e Adriana Gouveia).
A pouco e pouco a horta com rodas foi ganhando forma: "A estrutura em ferro começou por ser feita com um eixo e umas rodas que um dos alunos trouxe. Tudo o resto foi soldado e feito com base em ferros que existiam na serralharia. Para a caixa de madeira foram utilizadas ripas de paletes desmanchadas e pintadas. As placas de identificação foram tratadas com proteção de madeira e feitos os nomes com pistola de queima".
À medida que a estrutura da horta móvel ganhava forma o entusiasmo junto do grupo aumentava. "Tudo foi feito por nós. Neste percurso tivemos a ajuda de um aluno do Ctesp de Produção Agrícola, Luís Rogério Nunes, que fez as estruturas artísticas de ferro moldado para segurar o nome da horta".
Feita a base móvel, onde um regador apresenta a «graça» de todos os que participaram no projeto, foi o momento de se passar à fase da sementeira. "A rotação de culturas hortícolas é anual e agora foram instaladas as culturas de outono-inverno", adianta Fernanda Delgado.
Na horta com rodas surgem as plantas aromáticas, salsa, tomilho, erva caril e hortelã-pimenta. "Estas plantas têm várias vantagens como a prevenção de pragas e doenças para outras culturas. Para além disso, são condimentares e podem ser integradas numa alimentação diária contribuindo para os desígnios de uma boa dieta mediterrânica e para a diminuição dos teores de sal", justifica.
Nesta horta revelam-se também outras culturas, "com a couve roxa e couve-flor, nabiça, beterraba, rabanetes, alho francês e alfaces. Foram também instalados bolbos de crocus, o vulgar açafrão", acrescenta.
A iniciativa, além do cariz educativo e de sensibilização pelas boas práticas ambientais, tem também uma vertente solidária. "Atendendo ao facto de termos esta horta localizada junto ao bar, no pátio da escola, todos podem acompanhar a sua evolução e cuidar dela, regando e tapando com manta térmica em noites que se perspetivem de muita geada. No final, a ideia é podermos através do núcleo de alunos fazer um almoço de sopas solidárias para alunos com dificuldades económicas ou fazer cabazes para associações de solidariedade social da cidade ou arredores", sublinha.
Fernanda Delgado frisa que "a primeira atividade está prevista para 21 de março, dia da agricultura e floresta, com uma iniciativa integrada nas comemorações dos 40 anos do IPCB".
A docente recorda que já no ano passado "tinha proposto um desafio de ser criada uma horta aos alunos. Mas não obtive o feed back necessário. Por isso, este ano acabei por propor a atividade como um desafio para a avaliação contínua que faço na disciplina".

 
 
 
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