Politécnico

Alunos da ESACB têm projeto
Grilos pr’ó almoço e pr’ó jantar

Alunos Agrária.jpgE se sentar numa esplanada e em vez de um pires de caracóis optar por um prato de grilos? ou em vez de um bifinho na grelha, degustar um hambúrguer de gafanhoto? É estranho? Claro que é, mas muito do futuro da alimentação pode passar pelos insetos. Em Castelo Branco, um grupo de estudantes da Escola Agrária de Castelo Branco está a estudar a introdução de insetos na alimentação humana. Os resultados têm sido animadores e já foram apresentados quer na própria escola quer numa recente conferência realizada na cidade albicastrense (a Disru.pt).

O estudo que estão a efetuar vai da criação propriamente dita dos insetos até à implementação de um plano de negócios que suporte a criação de uma empresa. João Barata (Alcains), Cláudia Ferreira (Borba), Joana Fernandes (Coimbra), Filomena Ramos (Freixo de Espada à Cinta), Mário Cristóvão (Glória do Ribatejo) e Francisco Maia (Espinho) são os jovens estudantes dos cursos de Agronomia e de Nutrição Humana e Qualidade Alimentar que se têm empenhado neste empreendimento.

O João Barata e a Cláudia Ferreira já meteram mesmo mãos à obra, que é como quem diz já se dedicaram à criação de insetos, mais concretamente de grilos. "O futuro traz muitas interrogações sobre a alimentação humana, mas também novas soluções e desafios ao nível das alternativas e dos impactos ambientais que lhes estão associados", referem.

Transformar insetos em hambúrgueres, por exemplo, é uma das formas experimentadas. Gafanhotos e grilos são os animais mais comuns nestes tipos de estudos e projetos. "O grilo foi a nossa aposta porque parece-nos ser o mais aceite no mercado, embora não se trate do grilo comum, mas o da espécie acheta domesticus", como também explicam, dando conta de que quer na Europa quer nos Estados Unidos já existem restaurantes que comercializam este tipo de produtos.

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A aceitação das ideias e dos projetos em que se envolveram foram bem aceites na escola e na própria conferência. "Na conferência até nos disseram que se apostássemos na produção do hambúrguer (por parecer ser mais fácil a sua aceitação) que nos ajudavam na distribuição ao nível da street food", realçam os jovens, explicando que "nesta fase estamos a fazer experiências e a amadurecer o assunto para chegarmos ao produto final".

João Barata, de Alcains, começou a trabalhar primeiramente com 500 grilos que mandou vir de Espanha. Está a fazer criação e já eclodiram os primeiros ovos. Para além da alimentação humana, tem em vista também a entrada no mercado da alimentação de animais exóticos. Relativamente aos humanos, revela que "vamos fazer mais testes ao nível das proteínas, das fibras e da gordura bruta para atestarmos da qualidade do alimento, quer para hambúrgueres quer para outros petiscos". "As pessoas habituaram-se a comer caracóis e mariscos vários, também se vão habituar aos insetos, já experimentámos os grilos fritos e refogados e são bons", acrescenta.

No processo de criação, os grilos são alimentados de várias formas, desde o farelo à maçã por causa da água. Se o alimento for seco, tem de se juntar sempre uma esponja embebida em água, explicam. "O grilo não é muito difícil de produzir porque pode ser criado dentro de uma dorna... na Índia há produções enormes dentro de piscinas e aqui ao lado em Espanha já existem diversas produções intensivas destes insetos", destaca João Barata.

Ao nível do mercado, os jovens estudantes referem que, em termos dos novos hábitos alimentares a que esperam que os portugueses adiram, existem várias vantagens a ter em consideração nos dias que correm: São boas fontes de proteínas; não causam problemas ambientais na sua criação e produção; são baratos e têm pouca gordura.

"Ao início a ideia de comer insetos é um bocado estranha e até causa alguma repulsa, mas depois as pessoas disponibilizam-se para experimentar e gostam", referem a concluir.

 
 
 
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