Dieta mediterrânica
Carta de azeite para a restauração
O
debate sobre o azeite na dieta mediterrânica juntou à mesma mesa a
nutricionista Helena Real, a secretária geral da Casa do Azeite,
Mariana Matos, o docente universitário José António Russeou e o
jornalista Edgar Pacheco (Correio da Manhã e CMTV). Com a moderação
de João Pereira, presidente da Associação de Produtores de Azeite
da Beira Interior, a iniciativa abordou a importância daquele
produto típico da bacia mediterrânica sobre várias perspetivas.
Para Edgar Pacheco o azeite nem
sempre é bem tratado na restauração. "Os cozinheiros tratam mal o
azeite em Portugal. As entidades responsáveis têm que chamar os
cozinheiros para este debate, pois são pessoas muito importantes
nesta matéria. Nas escolas hoteleiras não há nenhuma questão
didática sobre o azeite".
O jornalista português iria mais
longe na sua intervenção. "Gostaria de participar num concurso
sobre a melhor carta de azeites do mundo nos restaurantes", disse.
Acontece que a maioria dos restaurantes, pelo menos em Portugal,
não têm carta da azeite, como acontece, por exemplo com o vinho.
João Pereira, reforçaria ainda esta questão lembrando que "o azeite
oferecido ao consumidor, nos restaurantes, em embalagem inviolada
defenderia sempre o consumidor".
A nutricionista Helena Real falou
da dieta mediterrânica, onde o azeite é parte integrante. "A dieta
mediterrânica é uma simplicidade, que deve ter criatividade e cor.
É uma forma de viver", começou por referir, para depois enunciar os
seus três pilares: Azeite (gordura de eleição), o pão e o vinho. A
acrescentar a estes eixos, a nutricionista divulgou ainda as ervas
aromáticas "que permitem dar sabor e aroma às refeições,
substituindo também o sal".
Os produtos hortícolas foram também
sublinhados por Helena Real, assim como os frutos e as leguminosas.
Por outro lado, chamou a atenção para o consumo da carne e do peixe
não ser feito de forma excessiva.
Mariana Matos, por seu lado,
recordou que é na bacia do Mediterrânico que se produz 98 por cento
da produção mundial de azeite. "Trata-se de uma cultura
estruturante", começou por referir, frisando que "o azeite era o
óleo sagrado. Foi sempre a principal gordura liquida do
mediterrâneo. Em Portugal teve um grande impulso desde a época dos
romanos e depois com as ordens religiosas. Nos anos 60 decaiu a
produção devido à introdução de outros óleos, mas também à confusão
gerada com outras gorduras. Felizmente, nos últimos anos voltou a
haver aumento da sua produção".
O debate, animado, contou ainda com
a intervenção do docente universitário José António Russeou, que
abordou o tema de uma forma mais sociológica, destacando a
importância do azeite e o seu consumo.