Ensino Magazine presente na iniciativa
Encontro de ciência distingue mérito científico
O Encontro de Ciência 2019, que
decorreu em Lisboa, entre os dias 8 e 10 de julho, voltou a colocar
a investigação na ordem do dia e reuniu milhares de participantes,
e várias dezenas de oradores nacionais e internacionais. Promovido
pelo Ministério de Ciência e Ensino Superior, o evento distinguiu
ainda várias personalidades com medalhas de mérito científico, numa
sessão de abertura que contou com a presença do Primeiro-Ministro,
António Costa, o qual afirmou que "o compromisso do País com a
ciência tem de ser sólido, isto é, ser um progresso contínuo (…)
aquilo que fazemos hoje cria as condições para podermos avançar, e
daqui a 20, 30 ou 40 anos estarmos num patamar distinto do
atual".
As parcerias entre o poder local e
as academias foram reforçadas neste Encontro, precisamente com a
atribuição de medalhas de mérito científico aos presidentes das
câmaras de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, e do Fundão, Paulo
Fernandes. De resto o Primeiro Ministro valorizou, no seu discurso,
estas distinções: "Não posso deixar de enfatizar como é
particularmente estimulante verificar que dois autarcas de
municípios do interior estiveram entre os homenageados", o que
"mostra bem como a ciência não é algo que hoje se faça apenas nos
grandes centros urbanos".
O autarca de Ródão destacou-se pelo
apoio prestado, entre 2017 e 2018, a ensaios inéditos realizados
por equipas internacionais de investigadores de referência mundial
na Serra do Perdigão. Aquele foi o maior projeto de mapeamento do
vento realizado e envolveu várias instituições científicas a nível
internacional.
Por sua vez, Paulo Fernandes foi
premiado pela capacidade de inovação e promoção da cultura
científica no desenvolvimento do interior, de onde se destaca a
criação de emprego qualificado e a valorização de processos de
transformação digital em regiões de baixa densidade
populacional.
Nesta sessão de abertura, foram
distinguidos com a medalha de mérito científico nove
investigadores, a saber: Maria João Saraiva, pelos seus estudos de
mais de 30 anos sobre paramiloidose; António Firmino da Costa,
pelas contribuições inéditas no estudo das desigualdades sociais,
ciência e sociedade, e entre, outros fatores, pelo desenvolvimento
e planeamento da Ciência Viva; Helena Santos, pioneira em Portugal
no desenvolvimento de técnicas de Ressonância Magnética Nuclear
(RMN); Luís Moniz Pereira, pela difusão da cultura científica em
Portugal sobre Ciências da Computação e em Inteligência Artificial
(IA); Cecília Leão, pelo ensino e investigação nas áreas da
Microbiologia e Ciências da Saúde; Manuel Nunes da Ponte, como
reconhecimento das suas contribuições em Engenharia Química e
Biológica; Deolinda Lima, professora catedrática da Faculdade de
Medicina da Universidade do Porto (FMUP); Raquel Gaspar, bióloga
marinha, que tem vindo a investigar há mais de 20 anos os golfinhos
no Estuário do Sado; e Jorge Calado, professor emérito do Instituto
Superior Técnico e é Doutorado em Química pela Universidade de
Oxford, lecionou na Universidade de Yale, nos EUA.
Ainda antes da entregue das
medalhas de mérito científico, Manuel Heitor definiu os quatro
principais desafios para pensar a ciência e o ensino superior em
Portugal num quadro de referencia para a próxima década e num
horizonte de 2030. O Ministro falou na necessidade de se "alargar a
base social para a produção e difusão do conhecimento e da cultura
cientifica", mas também do propósito de "diversificar e
especializar o processo de ensino/aprendizagem e de fazer
ciência".
O terceiro desafio "surge no
contexto das próprias instituições e da absoluta necessidade de
estimular a triangulação que emerge entre conhecimento, educação e
emprego", numa aposta de promover o emprego qualificado e
científico. Por fim, "o quarto desafio será sempre o do contexto
europeu e da internacionalização", disse.