Reorganização do IPCB
Idanha apresenta providência cautelar
A Câmara de Idanha-a-Nova vai
interpor uma providência cautelar para suspender os efeitos da
deliberação do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Castelo
Branco (IPCB), informou a autarquia em nota enviada ao Ensino
Magazine. Na mesma nota é referida que a autarquia irá "apresentar
uma ação para impugnar a mesma, por considerar que a decisão de
reestruturação do IPCB contém ilegalidades e põe em causa a
sustentabilidade económica e social deste concelho e de toda uma
região".
Diz o Município de Idanha-a-Nova,
que "não se compreende à luz das atuais políticas públicas de
coesão territorial a proposta de reestruturação apresentada pelo
presidente do IPCB e aprovada pelo Conselho Geral, que prevê a
perda da autonomia administrativa, científica e pedagógica da
Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova (ESGIN), tendo ainda
implícita uma deslocalização da ESGIN para Castelo Branco".
No seu entender, "a decisão
tomada lesa o interesse público, é um retrocesso civilizacional e é
totalmente contrária às políticas públicas defendidas e
implementadas pelo Governo Português no combate ao despovoamento
das zonas do país menos povoadas".
Na mesma missiva, a autarquia
refere que "a ESGIN resulta, efetivamente, da vontade política de
combate à desertificação do interior. Com 28 anos de existência,
foi assim assumida por sucessivos Governos e pela Câmara Municipal
de Idanha-a-Nova, e é um caso de sucesso. Tem mais de 600 alunos,
dos quais cerca de 200 são estrangeiros, um número que cresceu
expressivamente ao longo dos últimos anos". E acrescenta: "este
sucesso assenta em avultados investimentos no funcionamento da
ESGIN, com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova a ser responsável
por mais de nove milhões de euros de investimento, além dos
projetos que tem em curso para aumentar a capacidade de alojamento
de alunos deslocados".
No entender da autarquia, "a
avançar a decisão do Conselho Geral do IPCB, haverá um impacto
muito negativo e provavelmente irremediável nas atividades
económicas do concelho de Idanha-a-Nova, na capacidade de criação
de massa crítica jovem, na captação de investimentos que necessitam
de quadros qualificados e na coesão social, pois é dificultado o
acesso ao Ensino Superior de uma população que, pela sua posição
geográfica, se vê arredada de um acesso facilitado a outras
instituições".
A autarquia idanhense vai mais
longe e considera que "além das incoerências evidentes na decisão
do Conselho Geral do IPCB, levantam-se sérias dúvidas quanto à
legalidade da deliberação, pelo que a Câmara Municipal de
Idanha-a-Nova, que não foi chamada a pronunciar-se e a participar
no processo e devia tê-lo sido, uma vez que esta deliberação ofende
interesses do Município e dos Idanhenses, irá fazer valer a sua
posição junto dos tribunais".
Diz a autarquia que "o poder
político - local e central -, que é quem legitimamente representa
os interesses dos cidadãos, não teve em nenhum momento deste
processo, como deveria ter tido, oportunidade de se pronunciar. Uma
coisa é certa: qualquer deliberação que ponha em causa a
permanência da ESGIN em Idanha-a-Nova contraria ostensivamente o
programa do atual Governo, que é muito claro no combate às
assimetrias territoriais e no reforço da coesão territorial, que
implicam naturalmente olhar para os territórios menos povoados como
espaços de oportunidade e desenvolvimento".