Educação e Ensino Superior juntos no mesmo ministério
Nuno Crato: os desafios do novo ministro
Nuno Crato, o matemático que deu protagonismo à
ciência exata e se distinguiu pela sua divulgação, nomeadamente
entre os mais novos, é o novo ministro da Educação.
O novo ministro da Educação, do
Ensino Superior e da Ciência, Nuno Crato, tem pela frente mais de
uma dezena de sindicatos de professores, constantes ameaças de
greve e um plano de austeridade que envolve a criação de mais mega
agrupamentos e redução de pessoal.
Para cumprir as medidas inscritas
no memorando de entendimento assinado com a troika (UE, FMI e BCE),
o novo ministro vai ter de poupar 195 milhões de euros na área da
Educação.
Para 2013, o documento aponta o
aprofundamento de medidas, com vista a poupar mais 175 milhões de
euros.
As escolas públicas deverão obter
financiamento com base na evolução de desempenho e na prestação de
contas.
O Governo deve elaborar um plano
para melhorar a qualidade do ensino secundário, nomeadamente
através da generalização de "contratos de confiança" com as escolas
públicas, para as quais se recomenda mais autonomia.
Simultaneamente, exige-se o reforço
do papel fiscalizador da Inspecção-Geral da Educação.
O financiamento com base em
contratos programa, como já acontece com algumas universidades e
hospitais, havia sido defendido pelo Conselho Nacional de
Educação.
Mantém-se o objetivo de combater a
baixa escolaridade e o abandono escolar precoce, de melhorar a
qualidade do ensino e da formação.
Está prevista a criação de um
sistema de análise, acompanhamento, avaliação e comunicação para
aferir com precisão os resultados das políticas de educação,
nomeadamente as que já estiverem em vigor para contenção de
custos.
Perfil do novo
ministro
Nascido em Lisboa, em 1952, onde se
licenciou, é atualmente presidente executivo do Taguspark, em
Oeiras.
Nuno Crato é professor catedrático
e pró-reitor da Universidade Técnica de Lisboa (UTL), começou por
dar aulas no ensino secundário.
Viveu em Lisboa, nos Açores e nos
Estados Unidos da América, onde fez o doutoramento em Matemática
Aplicada (1992), depois do mestrado em Métodos Matemáticos para
Gestão de Empresas (1987), na capital portuguesa.
Foi também em Lisboa que se
licenciou em Economia (1980/81), no Instituto Superior de
Economia.
É autor de um vasto conjunto de
publicações, entre artigos em revistas científicas e livros que
tornaram a matemática acessível a todos e o popularizaram entre os
mais jovens.
Para essa popularidade contribuiu
também o cargo de presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática
(SPM), que ocupou desde 2004 e que deixou para Miguel Abreu, nas
últimas eleições, após assumir funções de administrador do
Taguspark, no ano passado.
"A Matemática das Coisas" e "A
Espiral Dourada" estão entre os mais recentes títulos que
editou.
Mantém-se na SPM como presidente da
Mesa da Assembleia-Geral, prometendo continuar a escrever e a
divulgar a matemática.
Em 2008, foi condecorado pelo
Presidente da República com a comenda da Ordem do Infante Dom
Henrique.
A União Europeia atribuiu-lhe, no
mesmo ano, um prémio de comunicador científico do ano.
Crítico da educação em Portugal,
defendeu nas várias entrevistas que deu a necessidade de medidas
urgentes no ensino da matemática, sugerindo alterações na estrutura
do Ministério da Educação, como a extinção do gabinete responsável
pelos exames e pelas estatísticas, que quer ver entregues a uma
entidade independente.
Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico