Vinhos da Beira dão saúde
Os vinhos tintos produzidos na
Beira Interior são um excelente produto para a prevenção de doenças
como o cancro do estômago. Uma investigação desenvolvida pela
doutoranda Luísa Paulo, na Faculdade de Ciências da Saúde da
Universidade da Beira Interior, revelou que os néctares da região
possuem maiores concentrações de resveratrol. Uma substância
anti-oxidante associada à prevenção de doenças cardiovasculares e
diabetes, e que este estudo veio demonstrar ser inibidora da
multiplicação da bactéria responsável pelo aparecimento de tumores
no estômago.
Luísa Paulo, técnica superior do Centro de Apoio à Transferência
Tecnológica Agro-Industrial, em Castelo Branco, desenvolveu a
investigação no âmbito do seu doutoramento em biomedicina.
No total foram analisadas 186 amostras de vinhos de todo o país.
"Os que apresentaram maiores teores de resveratrol foram os da
nossa região, sobretudo os produzidos com a casta touriga
nacional", explica Luísa Paulo
A investigadora, que já viu parte dos resultados publicados em três
revistas científicas internacionais, considera que "a nossa região
possui bons vinhos". Os teores de resveratrol no vinho são
justificados pelas amplitudes térmicas a que as videiras estão
sujeitas. "A produção dessa substância é uma forma de defesa que as
plantas possuem", explica.
O resveratrol já foi alvo de estudos internacionais, sobretudo nos
Estados Unidos, e há até quem lhe chame a pílula da juventude,
correndo rumores que a jovialidade de Angelina Jolie estaria
associada a essa substância. No mercado há mesmo quem comercialize
produtos medicinais com elevados teores dessa substância. Uma busca
rápida na internet permite-nos verificar isso mesmo.
Na sua investigação Luísa Paulo teve uma equipa de orientadores de
topo, constituída pelo próprio reitor da Universidade, João
Queiroz, por Eugénia Gallardo e Fernanda Domingues. "Os resultados
deste estudo são muito importantes, até porque foi o maior que
alguma vez se realizou em Portugal e um dos que envolveu mais
amostras em termos internacionais, num total de 200 vinhos",
explica Eugénia Gallardo.
No processo da recolha das amostras, os investigadores contaram com
o apoio das Comissões Vitivinícolas. "A beira interior não é uma
região muito conhecida pelos vinhos, pelo que um dos objectivos
deste estudo também passou por potenciar o que aqui se produz",
revela Eugénia Gallardo.
O docente da Faculdade de Ciências da Saúde adianta que "no futuro
o objectivo será dar apoio aos próprios produtores, sobretudo no
processo produtivo, desde a vindima até à produção do vinho, de
forma a que se possam ainda melhorar os níveis de resveratrol". Por
isso, Eugénia Gallardo convida os produtores a contactar a
faculdade.
Com a tese de doutoramento entregue, Luísa Paulo aguarda agora pela
defesa pública da sua investigação. Enquanto isso não sucede, fica
a certeza que os consumidores "de vinho da região saem
beneficiados", justifica Eugénia Gallardo.