1ª Coluna

Primeira Coluna
Os mega silêncios

IMGP1979.JPGO próximo ano lectivo começa com 150 novas unidades de gestão em todo o país, as quais resultam da agregação de agrupamentos de escolas já existentes. Em muitos casos a dimensão dessas novas estruturas ultrapassa os três mil alunos, há mega agrupamentos que têm mais de quatro mil, e a generalidade tem mais que dois mil, os quais estão espalhados por diferentes edifícios e geograficamente afastados.

A discussão em torno desta questão, que para o Ministério constitui um passo para a melhoria do ensino, ficou aquém das expectativas. As vozes representativas da classe docente que tantas vezes emanaram sábias opiniões sobre o futuro da educação no país calaram-se nesta matéria. Um silêncio que procurou passar entre os pingos de chuva, para que ninguém se molhasse e para que as expectativas de alguns compromissos futuros, alegadamente prometidos, possam ser concretizadas.

Esta falta de diálogo, sobretudo junto da sociedade e da própria comunidade escolar, está a criar algum mau estar na escola portuguesa. Mas para quem está na escola é mais um instrumento para reduzir custos, para que mais docentes e não docentes fiquem com a sua situação profissional indefinida, e para que as gestões dessas unidades (as quais em vez de uma escola apenas ou do agrupamento de escolas inicial, reúnem um conjunto de estabelecimentos afastados no território e com projectos educativos diferentes) sejam ainda mais difíceis. Se um agrupamento com 1200 alunos já é difícil de gerir, imaginemos um com três mil divididos por diferentes escolas separadas geograficamente, nalguns casos a mais de uma dezena de quilómetros?

Como em todos os sectores, também na educação a palavra de ordem é reduzir. Uma redução que se faz muitas vezes a régua e esquadro, sem se ter em conta a realidade concreta de cada região, sem se conhecer o terreno, e onde cada uma das estruturas que se situam abaixo da tutela tenta cumprir as orientações que lhe são confiadas, ultrapassando, nalguns casos os objectivos iniciais, demonstrando a quem manda que se pode fazer mais. Esta situação não é nova. Aconteceu no passado e acontecerá no futuro, independentemente de quem estiver a governar. Mas no presente surge acompanhada de estranhos silêncios, que num passado recente eram vozes constantes (umas vezes com razão, noutras não). Não sou, nem nunca fui defensor de ruídos de fundo, pelo que em muitas situações o silêncio pode ser a chave para a resolução de muitos problemas. Não me parece que seja este o caso. O Ministério da Educação fez o seu papel. Cumpriu aquilo a que se propôs. Fez o seu trabalho de casa e concluiu com aproveitamento este dossier, o qual no próximo ano será reaberto para a criação de mais uns quantos mega agrupamentos de escolas. Resta saber se, tal como neste final de ano lectivo, o mega silêncio dos senhores da palavra dita e falada se vai ou não manter. Para mim, é me indiferente, o importante é que a escola pública funcione e saia reforçada, com respeito por todos os seus membros, e sem diálogos condicionados...

 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
 
Unesco.jpg LogoIPCB.png

logo_ipl.jpg

IPG_B.jpg logo_ipportalegre.jpg logo_ubi_vprincipal.jpg evora-final.jpg ipseutubal IPC-PRETO