Universidade de Coimbra faz frigorífico inovador
Quando sol faz frio
Investigadores da Universidade de
Coimbra (UC) criaram "um frigorífico solar inovador", que só
precisa de energia solar para produzir frio, podendo ser útil em
regiões remotas onde não há electricidade - revelou a
instituição.
Este frigorífico solar, designado
por FRISOL, poderá ser muito útil "em zonas remotas sem rede
eléctrica, como por exemplo, em África, para a conservação não só
de produtos alimentares, mas essencialmente de medicamentos",
refere, em comunicado divulgado pela Universidade de Coimbra (UC),
um dos coordenadores do projecto, José Costa.
O FRISOL "pode ser também usado em
alternativa aos frigoríficos comuns, apenas necessitando de energia
solar para o seu funcionamento", adianta.
"Só precisa de energia solar e
permite produzir frio onde não há energia eléctrica", disse à
Agência Lusa José Costa.
Com financiamentos da Fundação para
a Ciência e Tecnologia e da Associação Americana de Engenheiros de
Refrigeração e Ar Condicionado, a investigação em torno deste
projecto iniciou-se em 2007 e "conduziu a resultados muito
promissores", segundo o mesmo comunicado da UC.
A equipa de investigadores
construiu um protótipo com equipamento completamente autónomo,
necessitando apenas de energia solar para acionar o processo de
refrigeração.
O FRISOL consegue manter o frio,
produzido nos dias com sol, durante dois ou três dias sem sol,
graças ao isolamento térmico da caixa frigorífica. É capaz de
produzir frio equivalente a cerca de 3 a 4 quilogramas de gelo por
dia.
A base do FRISOL, desenvolvido por
investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC), está na implementação da
refrigeração pelo fenómeno da "adsorção" (adesão de moléculas de um
fluído a uma superfície ou substância) que recorre, neste caso, à
utilização de sílica-gel, um material extremamente eficiente na
retenção de moléculas de vapor, não tóxico e de baixo custo - é
explicado na nota.
A sílica-gel "pode 'adsorver' água
até 40% do seu próprio peso quando está fria, voltando a libertar a
água ao ser aquecida".
José Costa, docente do Departamento
de Engenharia Mecânica da FCTUC, disse à Lusa que se trata de "uma
experiência nova em Portugal", existindo já no estrangeiro alguns
produtos destinados à produção industrial, mas com pouca penetração
no mercado por recorreram a uma tecnologia muito cara.
José Costa, citado no comunicado,
refere que "a indústria já manifestou interesse [no projecto] por
se tratar de uma tecnologia de baixo custo".
O princípio de funcionamento deste
frigorífico "é aparentemente simples: o 'coração' do sistema é a
sílica-gel, colocada no interior de um colector solar,
completando-se o circuito com um condensador, um reservatório de
condensados, um evaporador (onde é produzido o frio) e uma caixa
frigorífica", lê-se na nota.
O fluido refrigerante é a água e o
sistema funciona sob vácuo, sendo por isso necessário retirar todo
o ar do interior do sistema.
O projecto conta também com a
colaboração de um investigador da Universidade de Aveiro, Vítor
Costa.