Bocas do Galinheiro
Superman e a Sereia
Vem aí o "Homem de Aço" (Man
of Steel), ou seja, o Super Homem, a mais recente versão do super
herói criado pelo argumentista Jerry Siegel e pelo desenhador Joe
Shuster. A primeira aparição do kriptoniano mais conhecido no
planeta Terra deu-se na revista americana "Action Comics", em Junho
de 1938 e rezava assim: "Mais rápido que uma bala. Mais poderoso
que uma locomotiva. Capaz de destruir prédios só com um sopro.
Olhem! Lá em cima no céu. É um pássaro? É um avião? É Superman."
Como escreveu Carlos Pessoa no Público, uma visão que serviu para
abrir o coração dos americanos no começo de todas as aventuras
deste herói com poderes extraordinários que lhe advêm da sua
condição de extraterrestre. Foi expedido pelos pais do seu planeta
natal (Krypton), prestes a explodir, em direcção à Terra e só
sobrevive graças à casual passagem no local da aterragem de um
casal que o recolhe, passando então a viver no seio de uma típica
família americana, conservando oculta a sua verdadeira identidade
sob o nome dos pais adoptivos, os Kent.
O resto á mais que conhecido:
quando cresceu tornou-se jornalista no Daily Planet, assinando
Clark Kent, versão com óculos. Quando é preciso salvar o planeta,
aparece com uma fatiota azul, com as cuecas vermelhas por cima, uma
capa da mesma cor e, milagre, ninguém, nem mesmo a colega Lois
Lane, e futura namorada/mulher, reconhecem neste herói americano o
tímido Clark Kent sem os óculos! Há também aquele problema da
kriptonite, um minério do seu planeta natal e que quando a ele é
exposto, perde todos os seus super poderes. Ninguém é perfeito!
Nesta nova versão do extraterrestre
voador, realizada por Zack Snyder (300, de 2006 e Watchmen - Os
Guardiões, de 2009) e produzida por Charles Roven, responsável pelo
renascimento de Batman na trilogia "O Cavaleiro das Trevas",
reinventam-se as origens do super herói desta feita encarnado pelo
britânico Henry Cavill, vamos esperar pela estreia, a 27 de Junho.
Para já promete, com Russel Crowe e Ayelet Zurer como pais
biológicos e Kevin Coster e Diane Lane, são os Kent e, claro, Amy
Adams é a nova Lois Lane. Falta saber se o truque dos óculos é o
mesmo, pois pelas fotografias já vimos que Henry Cavill já não tem
os slips por cima do fato. Menos patético. No mínimo.
A chegada ao cinema de Superman
aconteceu em 1948 num serial de 15 episódios dirigido por Spencer
Gordon Bennet, em que o nosso herói era interpretado por Kirk Alyn,
que reincide em 1950, num novo serial dirigido também por Bennet,
"Atom Man Vs. Superman", em que aparece o mais temido inimigo de
Superman, Lex Luthor e a temida kriptonite. A primeira
longa-metragem veio logo em 1951, realizada por Lee Sholem e com
George Reeves como Super-Homem, papel que retomará na série
televisiva Adventures of Superman", que esteve no ar de 1952 a
1958.
Tivemos que esperar até 1978 para
voltar a ver o nosso herói no grande écran. Com realização de
Richard Donner e música de John Williams, Chistopher Reeve dá nova
vida a Superman mas também à apropriação pelo cinema dos heróis dos
comics, um filão que continua a render até hoje. E de que maneira!
Mas, foi um regresso em grande. Marlon Brando era o pai biológico,
num dos papéis secundários mais bem pagos de sempre, e Gene Hackman
o melhor Lex Luthor de sempre. Reeve revisita o seu personagem por
mais três vezes, o 2º e o
3º, com
realização de Donner, e o
4º, o grande fracasso
da saga, realizado por Sidney J. Furie. Em 2006, regressa pela mão
de Brian Singer, que vinha de dois X_Men, mas que não conseguiu
aqui o mesmo êxito, apesar da presença de Kevis Spacey a tentar dar
cabo de Brandon Routh, que deu vida a este "Superman Returns". Pelo
meio duas séries televisivas, "Lois & Clark", de 1993 a 1997,
com Dean Cain e Teri Hatcher, e "Smallville", de 2001 a 2011, com
Tom Welling e Erica Durance, elas como Lois Lane, claro.
Uns regressam, outros vão-se
embora. Foi o caso de Esther Willi-ams, a estrela de Hollywood,
figura maior da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) no apogeu do musical
desta major nos anos 40 e 50 do século passado. Antiga campeã de
natação e bailarina de "music-hall", morreu durante o sono no
passado dia 6, na Califórnia, aos 91 anos.
Contratada pela MGM com 19 anos e
depois de alguns papéis de menores, teve o seu primeiro grande
êxito como protagonista em "Bathing Beauty" (Escola de Sereias), de
George Sidney, em 1944.
Para Esther Williams foi criado um
subgénero feito à sua medida, o" musical aquático", onde a atriz
podia aplicar as suas capacidades de nadadora em super produções e
que num período curto, cerca de dez anos, roda as suas melhores
películas, "This Time for Keeps" (A Tentação de Todos,1947) e "On a
Island With You" (Numa Ilha com Ela,1948), de Richard Thorpe,
"Neptune's Daughter" (A Rainha das Sereias, 1949), de Edward
Buzzell, "Pagan Love Song" (A Canção Pagã,1950), de Robert Alton,
"Million Dollar Mermaid" (A Rainha do Mar, 1952), de Mervyn LeRoy
(O título original tornou-se a forma pela qual Esther Williams era
conhecida nos estúdios da MGM, a Million Dollar Mermaid - "a sereia
do milhão de dólares", sendo que a sua autobiografia também a
chamou de "Million Dollar Mermaid") ou "Dangerous When Wet" (A
Sereia Perigosa, 1953), de Charles Walters, foram alguns desses
filmes. Populares e êxitos de bilheteira para os cofres da MGM, em
que Williams contracenava com outras estrelas da companhia como
Peter Lawford, Ricardo Montalbán, Howard Keel, Van Johnson ou Gene
Kelly e Frank Sinatra.
Nascida a 8 de Agosto 1921, Esther
Jane Williams era a mais nova de cinco irmãos. Aos 15 anos,
juntou-se ao Los Angeles Athletic Club, e a partir daí começou a
estabelecer recordes em competições nacionais de natação, nas quais
obteve três medalhas de ouro em 1939, apurou-se para os Jogos
Olímpicos de 1940, que não se realizaram devido à Segunda Guerra
Mundial, participando depois em espectáculos aquáticos com John
Weissmuller, esse mesmo, em São Francisco, onde foi descoberta
pelos olheiros da Metro. Depois de alguns fracassos, abandona o
cinema em 1963 depois de mais um flop do seu último filme, dirigido
pelo então seu marido, e também actor, Fernando Lamas, "La Fuente
Mágica", feito em Espanha.