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Pelos caminhos de...

caminhos fatima.jpgExpressões como "todos os caminhos vão dar a Roma", ou "pelos caminhos de Santiago" são comuns na nossa linguagem, e têm a sua origem nas ancestrais redes de comunicações, que no seu tempo contribuíram para o desenvolvimento civilizacional. Os, caminhos que vão dar a Roma tiveram origem antes do ano zero. A primeira estrada romana foi criada em 312 antes de Cristo, reza a história, por Ápio Cláudio Cego, para unir Roma à cidade de Cápua. Desde então foi construída uma enorme teia que atingiu cerca de 150 mil quilómetros, que sobreviveram à queda do próprio império romano. Uma obra marcante, que para além dos vestígios que podemos ainda hoje visitar, numa ou outra estação arqueológica, perdurou até hoje no nosso vocabulário. Já os caminhos de Santiago tiveram a sua origem no seculo IX, para escoar a afluência dos peregrinos que queriam venerar as relíquias do apóstolo Santiago Maior, que supostamente se encontra sepultado na  catedral de Santiago de Compostela. Hoje em dia assiste-se ao ressurgir destas peregrinações, agora talvez mais como atividade lúdica, mas ainda assim aliada à devoção decada um. Com ou sem devoção o certo é que todos os anos milhares de peregrinos por lá passam. E é de peregrinações que hoje quero falar, porque, quando por cá se fala de peregrinações, a expressão mais usada é "ir a pé a Fátima". Viram bem? Eu escrevi: "ir a pé a Fátima", não disse "pelos caminhos de Fátima"… porquê? A resposta é fácil, e é fácil porque não há caminhos para Fátima. O que temos são estradas nacionais pejadas de carros e cheias de pontos negros onde os acidentes ocorrem a um ritmo diário. As peregrinações a Fátima passaram a ser perigosas, apenas porque não há caminhos para Fátima. E fará sentido fazerem-se caminhos para Fátima? Eu não consigo saber qual o número de peregrinos que de maio a outubro afluem ao santuário pedindo emprestado aos carros as bermas da antiga nacional 1, mas há decerto uns milhares a mais do que carros que circulam em algumas estradas, construídas há poucos anos. Mas há dinheiro para isso? E a isso posso responder …se não há, já houve! Apenas más opções fizeram com que se construísse uma A13 ou uma A41, que são exemplos de caminhos cheios de nada, mas que estamos a pagar a prestações bem caras…sim, estamos a pagar caro, para nada. Construir uma rede de caminhos alternativos para os peregrinos, seria certamente bem mais barato e não necessitaria de PPP´s. Teria como beneficio o aumento do conforto dos viajantes, baixaria o indicie de mortalidade por atropelamento e atrairia de certeza, um segmento diferente de utilizadores, aumentado o fluxo de viajantes. Podíamos depois promover os "Caminhos de Fátima" como se faz com os "Caminhos de Santigo". Todos ganhavam. Dentro de Fátima", que deram origem a esta vaga de crentes, e nada melhor para o nosso povo do que proporcionar-lhe uma rede de bons caminhos para o levar sossegadamente onde ele que ir. Tal como nos casos referidos na introdução, poderemos ter aqui, também um avanço civilizacional, mas para já é só uma ideia… e é grátis, não tem portagens nem pórticos.

Nota: Esta cronica foi inspirada no fatídico e mediático acidente de Maio de 2015 que vitimou vários peregrinos.

Paulo Almeida
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