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UBI afirma-se em novos mercados

IMG9809.jpgA Universidade da Beira Interior (UBI) tem feito uma forte aposta na internacionalização. A comunidade de alunos estrangeiros no seio da academia já é grande. António Fidalgo, em entrevista ao Ensino Magazine fala dessa aposta, mas aborda também outras questões importantes como o subfinanciamento das instituições de ensino superior. 

O subfinanciamento do ensino superior tem sido uma das suas preocupações. O que deve ser feito para alterar essa situação?

Temos que chegar a uma fórmula que permita às universidades uma previsibilidade das receitas e de dotação orçamental. Estas alterações contínuas não são positivas, têm havido ajustamentos que significam mais cortes, pelo que era importante chegarmos a um patamar de estabilidade e, depois, haver uma distribuição equitativa pelas diferentes instituições. 

A internacionalização tem merecido uma forte aposta da UBI. Cada vez são mais os alunos estrangeiros que procuram a instituição. Só alunos brasileiros são quase 200... 

Não são só alunos brasileiros. A internacionalização da instituição tem sido um aspeto que temos trabalhado com sucesso. Temos aumentado o número de estudantes estrangeiros e hoje temos mais de 10% de alunos estrangeiros. Isto é importante porque a previsão é que o número de estudantes nacionais baixe. Nós temos capacidade instalada, neste momento estudam na UBI mais de sete mil alunos. Gostaríamos de manter esses números ou até mesmo subi-lo, mas isso só será possível através da vinda de estudantes internacionais. 

Referiu que havia alunos de outras nacionalidades para além da brasileira, quais são?

O estatuto do estudante internacional só saiu no ano passado. O nosso mercado é o dos países de língua portuguesa. Temos alunos angolanos e também de Cabo Verde. A UBi já tem um grande historial nesta matéria, estamos a trabalhar com antigos alunos desses países , explorando o ativo que são esses alunos, para que possam ser uma comunidade de referência para a captação de novos estudantes. É nisso que estamos a apostar, para que possamos aumentar o número de alunos estrangeiros na nossa instituição. 

Esse recrutamento é feito para os cursos de licenciatura, ou também para mestrados e doutoramentos?

É para os três ciclos de estudo. Nas licenciaturas houve uma forte aposta, mas o crescimento mais elevado registou-se nos mestrados e doutoramentos. Em 2013/2014 recuperámos da quebra do ano anterior, e neste momento estamos numa fase ascendente, pelo que acreditamos que o número venha a subir.

Os alunos portugueses candidatos ao ensino superior são cada vez menos. É complicado inverter estes números?

Nos próximos anos essa quebra vai acentuar-se. A demografia é a grande dificuldade das instituições de ensino superior.

O programa + Superior pode ser um bom instrumento para as instituições de ensino superior captarem novos alunos?

Acredito que sim. Este ano vem mais a tempo. No ano passado a medida foi positiva, mas só se teve em consideração as notas de entrada. Isto fez com que os alunos beneficiados fossem os daqueles cursos que à partida nós tínhamos as vagas preenchidas, casos de medicina e engenharia aeronáutica. Este ano são as próprias instituições que indicam quais os cursos que podem receber essas vagas do + Superior. Ainda assim no ano passado tivemos 80 bolsas, mas acabámos por atribuir 100, pois houve outras instituições que não aproveitaram todas as suas vagas.

Ainda em relação ao alunos, uma das suas apostas era ter a academia aberta 24 horas por dia. Isso já acontece?

Já tínhamos a UBI aberta aos fins-de-semana. Com a concessão do bar da Biblioteca, conseguimos ter as salas de estudo abertas aos sábados e domingos, e neste momento temos uma sala aberta 24 horas por dia. A adesão tem sido boa e vai marcar a universidade.

Como é que tem sido a relação entre a equipa reitoral e a Associação Académica?

É muito forte. Há uma estreita relação entre a reitoria e a associação académica.

A investigação é outro eixo estratégico. O UBImedical pode ser um instrumento de excelência?

Com certeza.  Nós tivemos a agradável notícia de que houve projetos vencedores no programa comunitário H2020, sendo um deles de 7,2 milhões de euros, e em que a UBI é líder. São concursos muito competitivos a nível europeu. E a UBI tem tido uma taxa de sucesso muito boa.

E tem havido uma forte ligação ao tecido empresarial?

Neste momento está a haver muita ligação, através da vice-reitoria e da reitoria. Temos tido essa ligação, por exemplo com a Celtejo e outras empresas. A ideia é submeter projetos comuns à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro. Mas estamos atentos a outras parcerias. Há um acordo privilegiado com a PT, que por força das circunstâncias da empresa está algo suspenso, mas no qual estamos a trabalhar para que essa parceria possa avançar. De qualquer modo, o centro de competências que estava previsto está em andamento.

Quando é que o UBImedical estará a funcionar em pleno?

Está a funcionar e já justifica uma ; visita. Temos várias empresas a trabalhar nesse espaço, de gente muito jovem. Temos tido uma adesão muito grande de novos projetos na área de confluência da medicina e informática.

O Governo quer mexer no regime dos consórcios. O que lhe parece a proposta da tutela?

O próprio Conselho de Reitores (CRUP) foi muito crítico de forma unânime. Até porque esta proposta vai contra o único consórcio que existe que é o da UNorte. Há também o interesse das universidades do centro, em colaboração com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), em fazerem um consórcio. Mas os consórcios já estão previstos no REGIES, pelo que não há necessidade de legislar sobre isso. A UBI, Universidade de Aveiro e Universidade de Coimbra temos reunido com regularidade na CCDRC. Há muitas parcerias a estabelecer e vontade de o fazer.

Assumiu as funções de reitor há quase dois anos. Que balanço faz do trabalho desenvolvido?

Penso que a UBI se desenvolveu no seguimento do que já vinha sendo uma tradição na instituição, ou seja dentro de uma gestão muito parcimoniosa, de tal maneira que nós somos das instituições de ensino superior mais robustas, no sentido de conseguirmos funcionar com menos dotação orçamental. A UBI é a universidade em que as fórmulas, que estão a ser propostas, nos dão direito a maior financiamento por parte do Estado do que estamos a receber. Mas tudo isto é feito à custa de muitos sacrifícios e de cortes que lesam a instituição. Para concorrermos a fundos comunitários tem que qualificar o seu pessoal docente e ter equipas de capacitação. Por isso temos a necessidade de elaborar bons projetos, o que se faz com equipas qualificadas. E os docentes têm feito um grande esforço, têm que trabalhar mais, pois temos apresentado muitas candidaturas.

Neste momento a UBI tem- -se desenvolvido nas duas áreas chave - ensino e investigação. A Universidade, apesar de todas as dificuldades, tem vindo a fazer um grande esforço de financiamento. No ano passado conseguimos quatro milhões de euros em projetos. Este ano há mudança de quadro comunitário, mas continuamos num percurso de solidez.

 
 
 
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