Zé Pedro, em entrevista
«Gosto de andar na vida do rock»
Apanhamos Zé Pedro numa das sessões de DJ que o têm
levado a percorrer o país. Em entrevista, o guitarrista dos eternos
Xutos & Pontapés é igual a si próprio: bem disposto e de
rock'n'roll sempre ao peito.
O Zé Pedro é conhecido como membro dos
Xutos & Pontapés, mas é convidado também para DJ sets um pouco
por todo o país. São igualmente momentos de
rock?
Sim, e isso é algo que me dá um prazer redobrado.
Gosto muito de ouvir música e de tentar entusiasmar as pessoas com
os meus sets, levá-las a ficar no bar a ouvir as músicas. É um
desafio muito interessante. Tento fazer um cruzamento entre o
rock'n'roll e sons do passado e do futuro.
Com os Xutos continua a subir aos mais
diversos palcos. Ainda recentemente voltaram ao Rock in Rio. Como
foi a experiência?
É sempre memorável cruzarmo-nos com grandes
nomes. Desde os Stones, Bruce Springsteen, nesta última edição, Foo
Fighters, Guns N' Roses, entre tantos outros ao longo dos anos.
Temos orgulho em ser sempre convidados. A organização calcula que
há entre 10 a 15 mil pessoas que vão ao Rock in Rio só por causa
dos Xutos & Pontapés.
Tocar num festival é mais apelativo do
que tocar numa casa de
espetáculos?
É diferente. Também tocamos em salas mais
acolhedoras, como o Campo Pequeno, ou em salas grandes como a Meo
Arena onde colocamos 19 mil pessoas a assistir ao concerto. Sendo
um espaço fechado, sente-se mais o suor e a vibração das pessoas.
Mas tocar em palcos tão grandes como o Rock In Rio, o maior em
Portugal, tem um sabor fantástico. Ver aquele anfiteatro com 50 mil
pessoas à nossa frente é emocionante.
Ainda em relação aos festivais, deveria
haver mais bandas portuguesas nos
cartazes?
Penso que sim. Mas também não podemos pedir muito
aos organizadores dos festivais. Os patrocínios ditam uma série de
regras. Portugal é pequeno e as bandas portuguesas vão tocando pelo
país fora.
Os concertos dos Xutos destacam-se por
juntar várias gerações de portugueses. Imagino que isso seja muito
gratificante.
Tenho a impressão de que isso é o que todos os
artistas querem: abranger várias gerações de público. Nem todos o
conseguem, até porque não há fórmula nenhuma. Felizmente os Xutos
& Pontapés conseguiram. É engraçado tocar para pessoas que
ainda não eram nascidas quando as canções foram feitas. É sinal que
a música, as letras e a energia da banda tocam também os mais
novos.
Apoiado nessas duas vertentes, em palco
com o Xutos ou como DJ, a vida do Zé Pedro é sempre em torno da
música…
Uma vezes a passar discos, outras a tocar
guitarra, é assim que eu gosto de andar na vida do
rock.
E há planos para um novo disco dos
Xutos?
Ainda não. Felizmente este
ano está a correr muito bem ao nível dos espetáculos. Talvez no
final do ano ou no princípio do próximo, quando houver uma pausa
nos espetáculos, comecemos a pensar em temas novos. Depois é ver o
que sai.
Hugo Rafael (Rádio Condestável)
Texto: Tiago Carvalho