David Justino em Castelo Branco
No educar está o ganho
A educação é a
única forma de superar a crise nacional. A frase, mais atual que
nunca, foi proferida por António de Sena Faria de Vasconcelos
(1880-1939). O pedagogo natural de Castelo Branco continua a
fascinar quem estuda as suas ideias para o setor, algumas das quais
não envelheceram com o tempo.
David
Justino, antigo ministro da Educação, não duvida que Faria de
Vasconcelos "é a figura mais proeminente nessa nova conceção de
entender a educação como instrumento de desenvolvimento integral
para um povo que apresentava níveis de atraso educativo
excecionais". O atual presidente do Conselho Nacional de Educação
esteve em Castelo Branco a convite da Hisculteduca- Associação de
Estudos Histórico-Culturais, Educativos e Patrimoniais para abrir
um colóquio sobre o papel de Faria de Vasconcelos na conceção da
chamada escola nova, o primeiro de vários que vão ser
organizados.
O fascínio
por Faria de Vasconcelos começa logo na personalidade deste filho
de juristas, que depois de tirar Direito para fazer a vontade ao
pai "pegou no diploma e entregou-o, para dizer que pode ficar
satisfeito que fiz aquilo que quis e agora vou fazer aquilo que eu
quero", conta David Justino, que considera esta uma "atitude
interessantíssima". O sonho é concretizado no estrangeiro, onde
bebe os ensinamentos em educação, pedagogia e psicologia.
"Ele vai
combinar as vertentes desta paixão num trabalho muito aturado e
acima de tudo com uma postura de inovação muito interessante", diz
David Justino. O reconhecimento vem primeiro lá de fora e só depois
do seu país, onde regressa em 1920 numa época de grande agitação
política e social mas também de grandes intenções na educação da
República, que ficaram por concretizar devido à participação na Iª
Grande Guerra, às doenças e à agitação política.
"É muito difícil fazer grandes
reformas com o sistema político e social completamente esgarçados",
defende David Justino.