Bocas do Galinheiro
Mulher(es) maravilha
A
DC Comics volta ao ataque. A icónica editora americana, responsável
por títulos que arrasaram no cinema, como Super-Homem e Batman, e
não era preciso escrever mais nada para ficarmos cientes da
grandeza deste universo, traz-nos agora uma nova versão, se é que
assim podemos dizer, e já explicamos porquê, de "Wonder Woman", ou
Mulher-Maravilha.
Baseado num comic de William Moulton Marston, de 1941, Wonder Woman
teve uma primeira adaptação para televisão em 1974 protagonizada
por Cathy Lee Crosby. Dirigida por Vinvent McEveety, um realizador
quase totalmente virado para a televisão, tanto em séries como em
telefilmes, tem uma mão cheia de longas-metragens no currículo, a
maioria westerns e dois da série Herbie, o célebre carocha que
encantou gerações nos anos setenta, esta adaptação não foi bem
sucedida, não só porque se afastava da matriz da banda desenhada,
mas essencialmente porque a protagonista não convenceu. O mesmo não
se passou com a séria televisiva estreada em 1975 e que, como se
diz hoje, rapidamente se tornou viral e um marco nas séries da
altura, durou até 1979, Portugal incluído. Protagonizada por Linda
Carter a série, inicia-se quando o avião pilotado pelo major Steve
Trevor, em plena II Guerra Mundial, se despenha perto da Paradise
Island, uma ilha perdida e sem contactos com o mundo exterior, onde
vivem as eternamente jovens Amazonas, onde é salvo pela princesa
Diana que vai usar os seus poderes contra os nazis. Acabada a
guerra, trinta anos depois encontra o filho do major e resolve
voltar para continuar a ajudar a humanidade na luta contra o mal.
Very typical.
Na versão agora estreada, apresentada como "antes de ser a
Mulher-Maravilha, era Diana, a princesa das Amazonas, criada numa
ilha paradisíaca e protegida do mundo exterior, treinada para ser
uma guerreira invencível. Quando um piloto americano se despenha ao
largo da ilha e fala do enorme conflito que assola o mundo, Diana
decide deixar a sua casa, convencida de que pode parar essa ameaça.
A combater ao lado dos homens numa guerra para acabar com todas as
guerras, Diana irá descobrir a capacidade máxima dos seus poderes e
o seu verdadeiro destino", em que as suas pulseiras que repelem
todas as ameaças e o seu laço da verdade, arma inspirada no
detector de mentiras cuja invenção se atribui a William Moulton
Marston, psicólogo e guionista, os desenhos originais são de Harry
G. Peter, cuja interpretação ficou a cargo da israelita Gal Gadot,
bailarina, modelo e actriz, a quem não faltam atributos para estar
à altura do modelo criado por Peter e encarnado por Lynda Carter
(já dissemos que a versão de Cathy Lee Crosby foi para esquecer),
nesta super heroína que mais não seria que a versão feminina de
Superman, nesta primeira versão para o grande écran realizada por
Patty Jenkins, directora que lembramos de Monster (2003), filme
protagonizado por Charlize Theron, Oscar na altura, e que até a
este Wonder Woman se dedicou à televisão em séries como Entourage
ou The Killing. Ambientado agora na Primeira Guerra Mundial, este
Mulher Maravilha tem em Chris Pine o intérprete do aviador Steve
Trevor, neste filme essencialmente de aventura e de acção.
A vida das super heroínas não tem sido fácil quer no cinema, quer
na televisão. Para além da primeira tentativa de Wonder Woman, de
1974, em 2001 a DC Entertainement e a Warner Bros. Television
avançaram com um piloto protagonizado por Adrianne Palicki,
realizado por Jeffrey Reiner, para uma nova série televisiva. Não
passou daí. Talvez Palicki, que se pode ver em filmes como Legião
(2010), Amanhecer Violento (2012) ou G.I. Joe: Retaliação
(2013),fosse uma Diana à altura, mas nunca o saberemos. Mas quem
não recorda a "Catwoman", de Halle Berry (muito mau) ou MicheL
Pfeiiffer? Ou, noutro patamar, as diversas mutantes da saga
"X-Men", desde a Storm de Halle Berry, à Rogue de Anna Paquin e a
Mística, interpretada por Rebecca Romijn, todas elas com papéis
poderosos. Ou, aquela que poderá ser a concorrente número um da
Wonder Woman, a Supergirl, a prima do Super-Homem, nem mais,
interpretada por Helen Slater no filme de qualidade duvidosa
realizado por Jeannot Szwarc, no ano de 1984, que passou a série em
2015 com Melissa Benoist no papel de Kara, a prima do Super Homem.
Podiamos ir para o universo Marvel onde há mais uma mão cheia de
heroínas, como a Black Widow de Scarlett Johanson em Capitão
América, ou a Jessica Jones, de Krysten Ritter na série homónima, a
Scarlet Witch de Elizabeth Olsen dos Vingadores: A Era de Ultrón,
de 2015, dirigido por Joss Whedon, ou a Gamora de Zoe Saldana dos
Guardiães da Galáxia, já em terceira entrega. Queríamos mas não
podemos voltar a cada uma delas. Fica o apontamento.
Até à próxima e bons filmes!
Luís Dinis da Rosa
www.imdb.com/title/tt0451279/mediaviewer/rm336073984