Universidade de Évora
A arquitetura da terra na UÉ
A Universidade de Évora (UÉ), através da Escola de
Artes, promoveu a aula aberta "Habitar a Terra", focada nas pontes
que se podem estabelecer entre habitação e economia circular, como
refere a própria universidade no seu jornal online. Na iniciativa,
integrada no Dia Mundial do Ambiente, e perante a reitora da UÉ,
Ana Costa Freitas, da Secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho,
e do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, os
promotores desta aula aberta recordaram que "a arquitetura de terra
acompanhou a humanidade desde os seus primórdios", estimando-se
que, atualmente, "um terço da população mundial habita ou trabalha
em edifícios que integram tecnologias e materiais de terra
crua".
Em Portugal, este tipo de arquitetura "sempre teve uma forte
implantação, em particular no sul do país", surgindo nos últimos
tempos vários exemplos de projetos e obras de arquitetura
contemporânea que recorrem a estes materiais e tecnologias, a par
com a investigação e criação de novos produtos. As mais-valias para
a sustentabilidade ambiental, do ponto de vista material,
energético e redução de resíduos são claras, e foram expostas por
Víctor Mestre, arquiteto e investigador na área da arquitetura
vernacular e do património, e por Francisco Seixas, responsável da
empresa de projetos e obras de arquitetura "Betão e Taipa".
Para Ana Costa Freitas, o "conhecimento, investigação pertinente e
de qualidade e a formação de cidadãos preparados" constituem-se
fundamentais para enfrentar os desafios de um "mundo em mudança",
encontrando na UÉ o lugar para "identificar os desafios com que
lidamos, estudar os fenómenos, propor soluções e formar cidadãos
conscientes e com valores", rumo a um "mundo mais equilibrado",
sustenta.
A reitora da UÉ considerou ainda nesta aula aberta que o interior
do país, nomeadamente o Alentejo, oferece o "ambiente e massa
crítica para desenvolver soluções eficazes", dando como exemplo a
investigação na área da cortiça, surgindo com novos materiais e
"renovados usos".
O Ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes, lançou o
desafio ao setor da construção para optar por técnicas mais
eficientes, e recorrer a "técnicas ancestrais", manifestamente mais
eficientes, como é exemplo a arquitetura e construção em terra, por
forma a "poupar os recursos naturais". Este tipo de projetos são
"muito bem-vindos" reforça o ministro, onde o Governo poderá
"financiar novas técnicas de construção e de as tornar ainda mais
eficientes a partir desta forma ancestral de fazer
construção".
Na opinião do ministro, devemos apostar na "economia regenerativa
de recursos que faça com que os bens tenham o seu valor económico
durante mais tempo" em oposição à economia linear, que "extrai,
transforma, usa e deita fora", destacando aqui o setor da
construção, "que tem a mais baixa eficiência material", onde "são
precisos mais quilos de matéria para poder produzir um euro de
valor", refere o governante.