1ª Coluna

Primeira coluna
A escola faz-se com pessoas
João CarregaO final deste ano letivo fez com que a escola, no seu todo, procurasse dar uma resposta possível a um cenário que há uns meses atrás se pensava ser apenas de ficção. De uma semana para a outra, alunos, professores e famílias foram obrigados a mudar de registo. O ensino deixou de ser presencial e passou a ser ministrado a distância, com as plataformas que estavam mais à mão. Em maio regressaram as aulas presenciais para algumas disciplinas no ensino secundário e no ensino superior.
O novo ano letivo vai arrancar na incerteza de como a pandemia nos vai continuar a condicionar, mas na certeza de que é importante que haja aulas presenciais. O ensino a distância foi e é uma ferramenta útil, mas não deve, nem pode, substituir o ensino presencial. Os dois podem co-habitar em percentagens diferentes, consoante as disciplinas e o nível etário dos alunos. Importa, por isso, que se faça uma análise séria, não superficial, daquilo que correu bem, menos bem e mal nestes três meses de ensino a distância.
A escola soube responder e o país deve saber tirar partido do que foi alcançado, mas também deve saber tirar lições do que foi feito, do que foi conseguido, de como alunos e professores responderam, de como as famílias se adaptaram num processo complicado e inédito.
As novas tecnologias, tantas vezes recusadas na escola, foram determinantes. As aulas síncronas assumiram-se como um desafio, daqueles para os quais todos julgavam não estar preparados. Houve resposta. A possível. Em muitos casos o processo, novo, foi feito por achamentos. Pelo eu acho que é assim. Mas o importante, em todo este caminho, é que houve empenho, determinação, ousadia e exigência (nalguns casos, sobretudo nos ensinos básico e secundário, as tarefas exigidas superavam o tempo que os alunos poderiam dispensar, pois ainda lhes era pedido que assistissem às aulas na RTP Memória).
A escola e a sociedade estão de parabéns pelo que alcançaram, num processo que não vem em nenhum manual de ensino, que foi novo para todos. Contudo, o novo ano letivo deve ser encarado com a perspetiva de que as aulas presenciais devem ser uma realidade. Como? A resposta não é única. Sabemos que as salas de aula, sobretudo nas escolas de ensino básico, secundário e profissional, são pequenas. 30 alunos ficam acanhados. Terá que haver turmas mais pequenas, ou desdobramento nas aulas. Isso obrigará a horários estendidos no tempo, a mais professores nas escolas, mas em horas desencontradas. A interligação entre o ensino presencial e o ensino a distância é algo que deve ser equacionado. A experiência adquirida pode ser potenciada, como complemento, ao ensino presencial.
Este final de ano no ensino secundário e no ensino superior pode ter sido um ensaio. Mas em setembro/outubro o objetivo é que todos os alunos, professores e funcionários possam regressar à escola, porque a escola faz-se com pessoas. E o ensino presencial é fundamental. Nos últimos meses fez muita falta. Saibam agora, presencialmente, professores e alunos tirar partido das novas tecnologias, que o futuro passa muito por aí.



 
 
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