Silva Peneda, economista, ex-ministro, presidente do conselho geral da utad
Faltam respostas para este novo tempo
Nos «tempos de incerteza, angústia e
medo» em que vivemos, o ex-ministro Silva Peneda reflete sobre os
múltiplos ângulos da crise pandémica em Portugal e no mundo, sem
esquecer o seu impacto no sistema de ensino.
Já quase tudo se disse
sobre a dimensão das inesperadas dificuldades que estamos a viver.
Quando é que será possível estimar, com mais rigor e certeza, o
impacto da crise sanitária na economia nacional?
Sinceramente, não sei. As
certezas são muito poucas. Com esta pandemia vivemos um tempo
único. Mudaram-se hábitos, atitudes, comportamentos e formas de
pensar. Instalou-se a incerteza, a angústia, o medo e, para muitos,
o pânico. Várias perguntas podem ser feitas. Como será o mundo
depois deste tempo? Colocaremos o coletivo à frente do
individualismo? O chamado neoliberalismo terá os dias contados?
Apelaremos mais ao intervencionismo do Estado? As políticas sociais
serão mais reforçadas e irão privilegiar a proximidade? O
teletrabalho vai ser fortemente incrementado? O ensino à distância
passará a ser um pilar importante dos sistemas educativos e de
formação? Os populismos irão proliferar? O consumo desenfreado,
sentido como indicador de felicidade, será atenuado? As políticas
em prol do ambiente, do combate
à pobreza e às desigualdades
serão uma prioridade global? O ter e o parecer vão regredir em
relação ao ser? E o projeto de integração europeia, aguentar-se-á?
Ou, voltará a ser tudo como dantes?
Não há respostas seguras para
estas perguntas e para outras mais que poderiam ser feitas. Temos
assim de ter a humildade de não saber explicar o nosso tempo e,
muito menos, o tempo do futuro. O tempo para a frente é um enigma.
Para trás pode ser uma lição. Agora percebo melhor Santo Agostinho
quando disse que se ninguém lhe perguntasse o que era o tempo ele
sabia, mas se alguém lhe fizesse a pergunta e ele quisesse
explicar, deixava de o saber. Estou como Santo Agostinho. Sinto
este tempo, mas não o sei explicar.
O país só se conseguirá
reerguer à custa de mais austeridade ou acredita numa receita
alternativa?
O conceito de austeridade é
ambíguo. Se entendermos que austeridade significa perda de
rendimentos das famílias por causa, por exemplo, do aumento do
desemprego, a austeridade é real e já estamos a conviver com ela.
Se o conceito de austeridade for entendido de forma mais restrita
como seja o resultado de políticas públicas que conduzam à
diminuição das pensões ou dos salários, para já não existe.
Independentemente do conceito de austeridade que se queira
utilizar, a perda de rendimentos para muitas famílias está aí e vai
durar algum tempo. Surgiu de forma abrupta, esperemos que
desapareça rapidamente, mas ninguém pode pensar que a retoma vai
surgir apenas como resultado das medidas de austeridade. É preciso
muito mais para que o investimento produtivo aconteça, única via
para criar emprego e riqueza na economia.
Depois de longos anos de
sacrifício para as famílias e empresas, em que as contas atingiram
um inesperado superávite, podemos regressar a uma penosa travessia
no deserto?
Essa travessia já teve início
formal com a apresentação do Orçamento Suplementar para 2020 em que
ficamos a saber que, este ano, o país ficará mais pobre (o PIB
cairá 6,9%) e mais endividado (a dívida pública aumentará de 117,7%
para 134,4%). A maior incógnita tem a ver com o tempo de
recuperação. Nas projeções que são conhecidas tudo aponta para que
em 2021 já haja uma recuperação significativa. Estamos a sair da
maior contração trimestral alguma vez registada na história do
Portugal democrático, com consequências imediatas, desde logo, a
nível do volume de emprego. Em março, já havia quase 6 mil famílias
em que nenhum dos seus elementos tinha trabalho e o número de
casais, ambos no desemprego, aumentou, em relação ao mês anterior
em 11%. Os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional
(IEFP) sobre a evolução do desemprego referentes a abril são
suficientes para mostrar a gravidade social que o país terá de
enfrentar.
A pobreza
estrutural é um velho problema do país. Esta crise, vai acentuar as
desigualdades e fragilizar, ainda mais, a classe média, que já fora
muito afetada com as crises iniciadas em 2009?
Infelizmente, temo que sim. Os
fenómenos da pobreza e da desigualdade não são de agora. Embora nos
últimos anos alguns indicadores apontem para uma ligeira melhoria o
problema é de fundo. Eu tenho a convicção de que o combate à
pobreza e às desigualdades terá de beneficiar de uma perspetiva que
vá para além de um igualitarismo de fachada, que conduz normalmente
ao aumento de subsídios, mas não faz desaparecer a verdadeira
pobreza, moral e material. Aqui deve merecer atenção prioritária a
formatação de políticas públicas que privilegiem a proximidade aos
potenciais beneficiários, um alto nível de coordenação entre
diferentes departamentos da administração pública, autarquias
locais e instituições de solidariedade social. A questão tem de ser
assumida como de altíssima prioridade porque uma sociedade em que
grassam desigualdades de todo o tipo não pode almejar a ser
desenvolvida, nem livre, porque está provado que as desigualdades
são, em si mesmo, um obstáculo ao desenvolvimento.
São
vários os economistas que apontam ter sido um erro dar toda a
preponderância ao turismo como principal atividade económica do
país. Pensa que é altura de repensar a estratégia e
reindustrializar Portugal?
O povo diz que não é bom pôr os
ovos todos no mesmo cesto, como no domínio empresarial também não é
aconselhável uma empresa estar dependente de um só cliente ou de um
só mercado. Uma maior diversificação do tecido produtivo é muito
aconselhável, mas há que atacar alguns pontos que dificultam que
isso aconteça. Temos que perceber que grande parte das empresas
estão pouco capitalizadas o que torna difícil fazer cumprir um
princípio essencial para a consolidação do tecido económico e
social, qual seja garantir que os lucros de hoje não podem ser
desbaratados em consumos supérfluos. O princípio a respeitar é
simples de enunciar: os lucros de hoje são os investimentos de
amanhã e os empregos de depois de amanhã. Isto tem a ver com um
comportamento cultural que não é muito generalizado no nosso meio
empresarial. Outra caraterística dos nossos empresários é estar
excessivamente confinados a um só setor, o que não facilita a
diversificação do tecido produtivo e, finalmente, temos o setor
financeiro que precisava de dar uma grande volta. O sistema
financeiro ainda vive na base de garantias reais, nomeadamente a
terra. Não temos um sistema financeiro virado para uma economia do
conhecimento e como quem comanda o mercado não é o governo, mas o
sistema financeiro o país precisava de ter um sistema financeiro
virado para o apoio à inovação.
O período pós pandemia deveria
conduzir a profundas mutações na organização da produção,
nomeadamente nas cadeias de valor, na logística e no abastecimento
seguro de matérias-primas.
Portugal e o resto da
Europa continuam muito dependentes do exterior?
As empresas europeias não podem
ficar excessivamente dependentes do fornecimento com origem nos
países asiáticos. Portugal pode retirar vantagens desse processo,
no sentido de se posicionar na afirmação de setores de atividade
que terão de ser refundados no continente europeu, nomeadamente na
área industrial.
Neste ponto penso que há boas
perspetivas. As grandes multinacionais já perceberam que Portugal
não pode vir a ser um país de mão-de-obra barata. Elas procuram
talentos e os portugueses são disciplinados e inovadores, o que
joga a nosso favor.
Turismo, restauração e
imobiliário são apontados como os setores de mais difícil
relançamento, o que levará, certamente, ao desemprego de milhares
de pessoas. Desemprego e precariedade é o que podemos esperar nos
tempos mais próximos?
Quanto ao mercado de trabalho a
sua evolução mais recente resultou muito da forma como o valor
económico passou a ser criado, com novos modelos de negócio,
abertura de mercados, novas formas de comércio, terciarização das
atividades produtivas e mobilização de novas tecnologias, tudo
fatores com um grande impacte nas relações de trabalho, no modo
como as vidas dos trabalhadores estão organizadas e nas alterações
das estruturas sociais. Os sistemas de regulação dos mercados de
trabalho já não encaixam nas novas realidades dos postos de
trabalho e não têm capacidade para resolver as tensões que se
levantam entre novas formas de contratação e a definição do
conceito de trabalhador, seja do ponto de vista estatístico,
económico e mesmo legal.
A facilidade de circulação de
bens, de tecnologias, de capitais e até de pessoas aumentou de
forma muito significativa e se isso foi bom para o mundo em geral,
desde logo porque alavancou o desenvolvimento económico em zonas
com debilidades económicas e sociais e diminuiu em grande número as
pessoas que viviam abaixo do limiar da pobreza. Todavia, o processo
de globalização não foi acompanhado por um reforço de regulação
global e assistimos a que as oportunidades são disputadas nem
sempre pelos meios mais legítimos, evidenciando práticas injustas,
com sinais de aumento de insegurança e de imprevisibilidade.
Seguramente que vão surgir novos
empregos em domínios até aqui desconhecidos, mas esses empregos vão
exigir níveis de qualificação muito elevados, por isso, serão
melhor remunerados, mas há que contar com o reverso da medalha, que
são os outros pouco qualificados. Podemos estar a criar um caldo
que tem a ver com o surgimento de mais desemprego, aumento das
desigualdades salariais e eventuais disrupções sociais. Trata-se de
uma matéria que, pela sua natureza, exige uma abordagem
transnacional e na qual a União Europeia deveria desempenhar um
papel nuclear dados os seus valores fundacionais.
Ocupou em duas
legislaturas o cargo de ministro do Trabalho e da Segurança Social.
Teme que a sustentabilidade do sistema previdencial fique ameaçada
pelo disparar das prestações sociais?
Por efeito conjugado da redução
da força de trabalho devida ao envelhecimento da população e da
queda da parte relativa da remuneração do trabalho na distribuição
do rendimento, a massa salarial deverá crescer a um ritmo inferior
ao que seria necessário para poder financiar o aumento da despesa
provocado pelo envelhecimento da população. Justifica-se, por isso,
que se encontre um modelo de financiamento alternativo que não
dependa quase exclusivamente do volume dos salários.
Confesso que não sou partidário
de grandes alterações estruturais, mas antes prefiro alterações
incrementais que são mais fáceis de explicar e de gerir, mas hesito
no caso da segurança social, em que me parece interessante
aprofundar a ideia que tem a ver com a substituição, em parte ou
total, do financiamento com origem no fator trabalho por outro tipo
de financiamento com outras origens, seja o valor acrescentado ou o
volume de faturação. Mais concretamente: baixar a Taxa Social Única
(TSU) para as empresas e substituir essa componente do
financiamento por um outro tipo de fonte de financiamento, seja o
IVA ou o volume de negócios, não se mexendo na parte contributiva
do trabalhador.
O que me parece claro é que, a
prazo, insistir no financiamento da segurança social baseado quase
exclusivamente no fator trabalho carece de sentido e, no futuro,
menos sentido terá.
O teletrabalho emergiu
como uma elogiada alternativa em fase de confinamento. De que forma
é que esta nova forma de trabalhar pode mudar, positiva e
negativamente, as relações e a produtividade
laboral?
O teletrabalho veio para ficar.
Trata-se de uma prática que pode trazer vantagens tanto para as
empresas como para os trabalhadores, permitindo conciliar a vida
profissional com a vida pessoal. No entanto, há também desvantagens
dado que deixa de existir a relação interpessoal direta entre
colegas. Num tempo em que qualquer tipo de mudança exige relações
entre diferentes sensibilidades, culturas e experiências, o recurso
excessivo ao teletrabalho prejudica esses desejados avanços, pelo
menos no que diz respeito ao envolvimento direto dos interessados.
Nesse sentido, aceito o teletrabalho com três condições. Primeiro,
ser voluntário; segundo, nunca a tempo inteiro, terá de ser
alternado com algum tempo de trabalho na empresa; terceiro,
precisar melhor o enquadramento regulamentar.
O Programa de
Estabilização Económica e Social (PEES) foi aprovado a 9 de junho,
em Conselho de Ministros, precisamente no dia em que foi anunciada
a substituição de Mário Centeno. Como antecipa o trabalho hercúleo
que agora compete ao novo titular da pasta, João
Leão?
Será seguramente um trabalho
muito exigente, com dois desafios a destacar. Um tem a ver com a
gestão do orçamento suplementar para 2020, que me parece construído
na base de pressupostos algo otimistas. O risco de vir a ser
necessário um outro orçamento para este ano é real. O segundo,
ainda mais difícil, será a preparação do Orçamento de 2021 que vai
acontecer daqui a dois meses, ainda num cenário de grande
imprevisibilidade.
Este novo contexto, que
necessariamente vai obrigar a medidas impopulares no OE 2021,
deverá afastar o BE e o PCP de acordos parlamentares com o governo.
Admite um cenário de instabilidade política no próximo
ano?
Admito que nas atuais
circunstâncias o risco para uma maior instabilidade política e
social pode aumentar.
A resposta à crise está
muito dependente da reação da União Europeia. Os 26 mil milhões de
euros previstos para Portugal são a «bazuca»
desejada?
Depois de algumas tensões,
dúvidas e hesitações a resposta da Comissão Europeia parece-me
francamente positiva.
Conhece bem os corredores
da Europa, tendo sido assessor de Jean Claude Juncker,
ex-presidente da Comissão Europeia. A robustez e coordenação da
resposta à crise em Bruxelas vai determinar se o projeto europeu
sobrevive ou se este será o seu golpe de
misericórdia?
Se a União Europeia não for capaz
de dar uma resposta minimamente satisfatória face a esta crise o
projeto político de integração corre o sério risco de soçobrar. Mas
há que ter a consciência de que mesmo que esta resposta se venha a
concretizar, muita coisa ainda há para resolver, nomeadamente no
que se refere ao completar da construção do edifício da moeda
única.
O governo quer obrigar os
bancos a pagar uma taxa de solidariedade. Concorda?
Concordo.
Presidiu à comissão de
coordenação da região norte na década de 90. Ciclicamente, após ter
sido rejeitado em referendo, em 1998, o tema da regionalização
volta à baila. Acha que este dossiê devia ser aprofundado ou, por
outro lado, entende que a descentralização de competências para os
municípios é suficiente?
Os dois processos são
necessários. Há quem defenda que a descentralização se deve fazer
transferindo competências para o nível municipal e esquecer a
criação de regiões. A este respeito, a minha resposta é que ambas
são precisas.
O reforço das competências dos
municípios é necessário, mas não chega, porque não resolve os
problemas que ultrapassam as suas fronteiras. Por certo que o
associativismo municipal pode ser a resposta correta para o
exercício de determinadas tarefas, de que dou o exemplo dos
transportes públicos numa grande área metropolitana, ou o
abastecimento de água que pode servir vários concelhos ou a
exploração de um equipamento que, por ser demasiado caro, só faz
sentido se for gerido em conjunto por um ou mais municípios. Mas há
problemas tão vastos em extensão e tão profundos nas suas causas
que exigem escala para a sua abordagem que não é de todo compatível
com processos de associativismo municipal. Sou um defensor da
regionalização, mas com a consciência de que não é uma panaceia
para os problemas do desenvolvimento do país. Ela é apenas uma
parte e que pode ser muito importante para a execução de uma
política que conduza à diminuição, por exemplo, dos graves
desequilíbrios regionais existentes em Portugal.
A regionalização é um processo
que tem a ver com a distribuição de poder e quando dá jeito
fazem-se discursos laudatórios mas, na prática, o receio, o temor
próprio de quem não está disposto a assumir riscos, não confia nos
"provincianos" e não quer perder poder, levou a que o nível
regional, embora tenha sido consagrado na Constituição da República
e na lei, nunca foi constituído, apesar da Assembleia da República
ter aprovado, em 1991 e por unanimidade, a criação das
Regiões.
Mas este é um debate que
não é de agora…
Tal como já no tempo de Alexandre
Herculano, também hoje há os que têm a convicção de que o país pode
ser melhor governado com base num sistema mais descentralizado, os
reformadores, e outros que preferem soluções mais centralizadoras,
os conservadores. Pela minha parte, estou do lado de Herculano. No
entanto, tenho a perceção que a cultura dominante na classe
política no nosso país é claramente conservadora e de desconfiança
em relação às capacidades dos que vivem fora da capital. Os
conservadores estão em larga maioria nas cúpulas dos partidos
políticos, que funcionam na base do controlo vertical das
fidelidades aos chefes.
Porque não vejo nem pressinto que
no país abunde uma cultura reformadora e disposta a correr riscos é
que receio que a regionalização continue a ser uma história do faz
de conta.
O confinamento trouxe a
questão do ensino à distância. Concorda com o sistema misto
anunciado pelo ministro da educação para o próximo ano letivo?
Quais são os ganhos e as desvantagens?
Não acredito que seja boa ideia
que o ensino à distância possa vir a ter um grande peso no sistema
educativo normal. O ensino à distância pode ser uma peça, mas
apenas de natureza complementar no processo educativo. Só o
contacto com colegas e professores é que permite adquirir as
componentes essenciais de uma formação mais completa. Parece claro
que uma dominante do ensino à distância em escalões etários mais
baixos contribui para o agravamento das desigualdades. Essa é a
maior das desvantagens. No entanto, admito que o ensino à distância
pode ter um peso maior na formação mais profissionalizante ou,
quando os alunos já são adultos.
Acredita que professores
e alunos estarão recetivos a esta mudança de modelo de
ensino?
O nosso sistema educativo tem
evoluído sem grandes modificações estruturais muito abruptas e isso
tem sido positivo. Como tal, recomendo que essa prática se mantenha
e se vá avançando pouco a pouco, mas sempre com a preocupação de
avaliar as consequências de cada passo que é dado. Aqui, a
experimentação pode ser um método muito recomendável.
Preside
ao conselho geral da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro
(UTAD) desde 2013, cargo que lhe permitiu, certamente, conhecer por
dentro a dinâmica destas instituições de ensino e investigação.
Mesmo com constrangimentos financeiros, qual o papel das
universidades, dos politécnicos, no fundo, dos centros de saber,
para as dinâmicas das cidades, das regiões e do
país?
Aveiro, Braga, Guimarães,
Bragança, Vila Real são os casos que conheço melhor e é inegável
que as instituições de ensino superior que aí foram colocadas
tiveram a maior das importâncias no desenvolvimento das cidades e
regiões em que estão instaladas. Mas ainda não chega. Vivemos um
tempo em que a conetividade é o fator que garante a sobrevivência
das instituições, o que obriga a que as universidades estabeleçam
laços de cooperação com parceiros de plataformas, consórcios e
outros meios de interação em torno de projetos e objetivos que
partilhem. Vivemos num mundo global e estamos num tempo em que
temos de ter a consciência de que uma Universidade só se conseguirá
impor se conseguir situar-se em redes adequadas, a nível europeu e
mundial, de forma a obter massa crítica que a habilite a disputar
campeonatos que ultrapassam disputas nacionais e, muito menos,
regionais. Até aqui as instituições de ensino superior localizadas
em regiões mais deprimidas ou de baixa densidade, como agora se
diz, têm tido um papel relevante no meio circundante, mas há um
enorme caminho a percorrer, no sentido de uma afirmação claramente
mais autónoma.
CARA DA
NOTÍCIA
Nos corredores de
Bruxelas
José Silva Peneda nasceu em São
Mamede de Infesta, Matosinhos, a 6 de junho de 1950. Presidiu
durante seis anos ao Conselho Económico e Social (CES), órgão
consultivo que medeia o diálogo dos parceiros sociais e
organizações da sociedade civil com o governo.Em 2015, deixou o
cargo para se tornar no principal conselheiro do presidente da
Comissão Europeia Jean Claude Juncker, em Bruxelas. Foi ainda
consultor principal do ex-comissário europeu, Carlos Moedas.
Anteriormente, entre 2004 e 2009, esteve em Bruxelas, como
eurodeputado ligado aos assuntos sociais.Licenciado em Economia
pela Universidade do Porto, onde deu aulas, e diplomado em
Administração do Desenvolvimento pelo Institute of Social Studies,
na Holanda, encabeça com João Proença o conselho consultivo para o
desenvolvimento dos recursos humanos e das relações laborais da
Altice.Foi ministro do Emprego e da Segurança Social de Cavaco
Silva (1987-1993), secretário de Estado na área da administração
regional em três governos e deputado do PSD à Assembleia da
República. É presidente da assembleia-geral da União das
Misericórdias Portuguesas.Preside, desde 2013, ao conselho geral da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).Recebeu a
Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2010) e o grau de Grande
Oficial da Ordem de Mérito do Luxemburgo (2015).
Nuno Dias da Silva
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