Opinião

Artigo
Afastados da ESCOLA pela porta da CASA
SUSANA.jpgA situação atual de confinamento, consequente da pandemia do Covid-19, suscita um novo paradigma para a educação, posicionando a Escola no espaço da Casa. Em consequência desta realidade impuseram-se múltiplas condicionantes e dificuldades, permitindo questionar o valor da instituição escolar e, consequentemente da arquitetura escolar, como estrutura condicionadora da aprendizagem, socialização e desenvolvimento humano.
Indispensável na vida de qualquer indivíduo, a Escola promove a educação individual e coletiva, procurando instruir tanto conhecimento quanto entendimento. Este equipamento social, estruturado pelos seus vários atores e pelo seu, cada vez mais completo, programa funcional e organizacional, ambiciona induzir o processo de ensino aprendizagem para além da tradicional sala de aula, objetivando e alcançando um ensinamento em comprometimento com múltiplos e diversificados espaços.
A Casa, ambiente que sustenta os nossos hábitos, vê-se agora perturbada e invadida por dinâmicas do dia-a-dia que lhe eram alheias, sendo sujeita a uma reestruturação das suas rotinas, afetando decisivamente os modos de habitar e a sua organização espaço-funcional. É para este contexto que a Escola se translada, deslocando-se da sala de aula para a sala de estar, ou para o quarto, numa simulação da tradicional normalidade onde, dependendo das responsabilidades individuais se replica o espaço de aprendizagem, agora fundamentalmente assente nas tecnologias digitais, materializadas por um ecrã.
Nestas circunstâncias, amplia-se o comprometimento da família com a educação dos mais novos, tornando inevitável a participação essencialmente, com os menos independentes, sob pena de se ver comprometido o processo de aprendizagem.
O espaço escolar direcionou-se para assegurar condições e oportunidades similares a todos, com o propósito de minimizar as desigualdades, perspetivando uma efetiva inclusão. Contrariamente, o ensino à distância, dependente das mais variadas ferramentas tecnológicas, tende a expor fragilidades no ajuste e capacidade de atender às necessidades e especificidades individuais.
Decorrente do confinamento no espaço doméstico, e consequentemente, do afastamento do espaço escolar, as diferenças sociais e educacionais enfatizaram-se, desde logo no acesso aos recursos tecnológicos, mas também na capacidade de adequar os espaços habitacionais às várias e simultâneas atividades educativas e profissionais. Apesar das iniciativas de promoção dos diversos recursos que procuram continuar os processos pedagógicos, a identidade inclusiva e de igualdade de oportunidades corre o risco de ser colocada em causa, alienando-se a dimensão agregadora do espaço escolar. Deste modo, o contexto no qual a aprendizagem se viu obrigada a instalar, permite enfatizar a pertinência da escola na construção do indivíduo e na sua integração na sociedade.



 
 
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