Universidade

UTAD em projeto que analisa confinamento
Consumo de vinho disparou
104290582_922750254852997_8866830639173301746_n.jpgA frequência do consumo de vinho aumentou acentuadamente durante o período de confinamento, em Portugal, França, Itália e Espanha, tendo diminuído na cerveja e nas bebidas espirituosas. A maior frequência no consumo ocorreu na classe etária 30-50 anos e menos entre os jovens, sendo que França foi o país que registou o maior aumento.
Os dados são de um projeto europeu que visa perceber como o confinamento, durante a pandemia COVID-19, afetou o comportamento dos consumidores europeus de vinho, o qual foi desenvolvido pela European Association of Wine Economists (EuAWE) e a Cátedra Wine and Spirits do INSEEC, da Universidade de Bordéus, tendo participado por Portugal a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
O estudo envolveu um inquérito em Espanha, Bélgica, Itália, França, Áustria, Alemanha, Portugal e Suíça, entre 17 de abril e 10 de maio, mas os resultados preliminares baseados em 6600 respostas obtidas até 30 de abril, em Espanha, França, Itália e Portugal. A amostra não é representativa da população dos países estudados, pois corresponde, sobretudo, à população de consumidores de vinho e de outras bebidas alcoólicas.
Os resultados mostram ainda que o consumo aumenta com a idade dos consumidores, sendo que fatores como o rendimento familiar e não ter crianças no agregado, contribuíram para este aumento, com as famílias de rendimentos mais baixos a aumentarem a frequência do consumo de cerveja.
Verificou-se ainda uma redução das despesas em bebidas alcoólicas, especialmente em bebidas espirituosas. Também "o preço médio de compra do vinho diminuiu significativamente", sendo que os supermercados foram o principal local de aquisição de vinhos, seguidos das garrafeiras pessoais.
Apesar de mais de 80% dos inquiridos não ter utilizado a opção de compra online, "8,3% dos italianos, 6,6% dos espanhóis, 5,2% dos portugueses e 4,6% dos franceses compraram vinho pela primeira vez via Internet". No entanto, deu-se a "explosão do fenómeno das provas/degustações digitais", (provas guiadas através de webinars ou teleconferências). A emergência deste fenómeno é relevante entre jovens estudantes Italianos e entre os franceses "jovens e adultos na classe etária entre os 30 e os 50 anos nas zonas urbanas e com rendimentos confortáveis".
Verificou-se "um aumento significativo" do consumo por "pessoas que bebem sozinhas, especialmente entre os homens com rendimentos modestos e desempregados". Já os jovens e os habitantes das zonas urbanas que trabalham no setor terciário "tendem a beber vinho rapidamente após a compra". Foi ainda verificado que a ansiedade gerada pela pandemia foi "fator impulsionador do consumo de bebidas alcoólicas em todos os países". Além do medo do vírus, os inquiridos expressaram um "receio muito forte das consequências económicas da crise sanitária". Esta "ansiedade económica" teve impacto, no "aumento da frequência do consumo de bebidas alcoólicas".
De uma forma geral as conclusões deste estudo preliminar, apontam para uma "eventual mudança no comportamento e hábitos do consumidor", consequência da epidemia COVID-19, a que a "fileira vitivinícola deve estar atenta". Por parte dos investigadores o "compromisso passa pelo aprofundamento dos resultados obtidos nesta consulta, utilizando métodos estatísticos e ecométricos mais profundos", salienta João Rebelo, investigador da UTAD que representa Portugal neste estudo.



 
 
 
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