Politécnico

Debate sobre riscos sísmicos em Leiria
Há milhões por aproveitar

Portugal está a desperdiçar milhões de euros em fundos comunitários por falta de candidaturas destinadas a reduzir riscos sísmicos, disse à agência Lusa um membro da direção da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES), Mário Lopes.

As declarações de Mário Lopes foram feitas à margem de um debate realizado na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria sobre "O risco sísmico - Prevenção e consequências", que decorreu no passado dia 17.

O especialista em engenharia sísmica e professor do Instituto Superior Técnico (IST) garante que existem milhares de milhões de euros disponíveis para o reforço sísmico de redes de infraestruturas e instalações industriais no âmbito do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, "mas, como não existem candidaturas, Portugal não vai buscar nada".

Mário Lopes sublinha que só para a área da proteção civil estão em causa 30 milhões de euros em possíveis comparticipações europeias.

"A falta de aproveitamento destas verbas prova que, mesmo neste cenário de crise, é possível fazer muita coisa na prevenção, sem recurso a verbas avultadas, como informações à população que vão desde os tsunamis à simples compra de casa", frisa o docente do IST.

Mário Lopes lamenta a "negligência da classe política" na área da prevenção sísmica, lembrando que há dois anos foi publicado em Diário da República um conjunto de recomendações ao nível da construção, mas que desde então "nada ou quase nada foi feito nesta matéria".

Por outro lado, diz, "o Estado não promove a fiscalização da construção nesta área, não investe na avaliação e reforço de infraestruturas, indústria e monumentos, tão pouco na reabilitação estrutural ou na informação e preparação da população".

Por isso, frisa, os políticos portugueses "serão responsáveis, por negligência, pela morte de milhares pessoas em caso de sismo, por nada terem feito ao longo de todos estes anos".

O membro da direção da SPES destaca a discussão que está a ser realizada na Assembleia da República pela Comissão do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local sobre Reabilitação Urbana, depositando esperanças que "desta vez sejam levadas a sério as recomendações no âmbito de prevenção sísmica".

 
 
 
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