1ª Coluna

primeira coluna
É preciso saber ouvir o povo

IMG_1620.jpgA reorganização da rede de ensino em Portugal, aliada às medidas de austeridade já anunciadas, está a deixar marcas na escola pública. Uma escola que se quer a tempo inteiro e que, no ensino obrigatório, deve ser gratuita para todas as crianças e jovens portugueses ou a residirem no nosso país.

Na escola pública vive-se hoje um clima de medo e de falta de esperança. Os alunos sentem isso, os professores e os funcionários também, o mesmo sucede com os pais e encarregados de educação.

Não há avaliação dos professores como a realizada noutros tempos próximos, mas há a ameaça da mobilidade especial, dos mega-agrupamentos, e do encurtamento das atividades extracurriculares no 1º ciclo. Um 1º ciclo que este ano voltou a ter exames nacionais de 4º ano, os quais na língua portuguesa viram litoralizado o discurso narrativo nos textos apresentados (no país real há muitas crianças que nunca viram o mar, nem foram à praia, do mesmo modo que há muitas outras que nunca viram a neve), que transportaram os alunos para as escolas sede de agrupamento (uma lógica que não convenceu pais nem alunos), e que deu a maioridade a crianças de 9 e 10 anos, as quais assinaram um termo de responsabilidade em como não levavam para dentro da sala o telemóvel. Não leiam nestas palavras alguma oposição da minha parte aos exames nacionais. Sou daqueles que defendem a realização de exames nacionais, mas entendo que não seria necessário tanto ruído à sua volta.

Mas a reorganização da rede de ensino pode atingir também universidades e politécnicos. É assim porque não há dinheiro, nem há alunos, dizem muitos dos que defendem a teoria que é a fechar serviços que o país progride. Não, não tem que ser assim, digo eu. A maioria das instituições de ensino superior não contribuiu para o défice, tem conseguido alocar nos seus orçamentos elevadas verbas provenientes de receitas próprias que não as do Estado. Tem conseguido, através de projetos de investigação, ou de inovação, fundos comunitários. Mas tem, acima de tudo, qualificado o país, dando-lhe uma coesão territorial que mais nenhumas outras instituições conseguirão dar.

Governar não é uma tarefa fácil e tomar decisões numa altura como a que agora atravessamos também não. Mas há um ditado democrático que deve imperar em todos os momentos, sejam eles fáceis ou difíceis. Deve saber-se escutar o povo. E hoje, mais que nunca, importa saber ouvir também os de dentro, tendo sempre a certeza de que ninguém vai beneficiar com o fecho do que quer que seja…

 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
 
Unesco.jpg LogoIPCB.png

logo_ipl.jpg

IPG_B.jpg logo_ipportalegre.jpg logo_ubi_vprincipal.jpg evora-final.jpg ipseutubal IPC-PRETO