Universidade fez 27 anos
UBI com olhos postos na investigação
A Universidade da Beira Interior acaba
de assinalar mais um aniversário. A inauguração da UBI Medical foi
um dos momentos altos das comemorações dos seus 27 anos. João
Queiroz, reitor da instituição, explica ao Ensino Magazine a
importância da nova estrutura de investigação e empreendedorismo.
Mas fala também dos projetos futuros da UBI e da importância dos
alunos na vida da universidade.
A
inauguração da UBIMedical marcou o 27º aniversário da UBI. Esta
estrutura será um dos principais motores de desenvolvimento
científico, investigação e de empreendedorismo da região?
Sim. Este é um projeto de mandato.
Foi pensado e projetado há quatro anos, candidatámo-lo a fundos
comunitários, conseguimos as verbas, construímos o edifício e
definimos o seu plano estratégico. Está no momento ideal para
arrancar com o seu funcionamento. São estruturas como o UBIMedical,
que tem uma especificidade muito própria para a qualidade de vida,
que vão potenciar o desenvolvimento da região e permitir que ela
fique mais forte com o contributo da universidade. No fundo aquilo
que queremos é que o UBIMedical seja um interface entre o que se
passa na universidade e no mundo empresarial.
Quando
pensa que essa estrutura estará a funcionar em pleno?
Temos um ano para a colocar a
funcionar. No entanto, a UBIMedical já está a funcionar dentro da
própria universidade, onde temos alguns laboratórios a trabalhar.
No edifício da UBIMedical vamos ter uma zona dedicada à
investigação e de investigação para a prestação de serviços, muito
direcionada para dar um contributo às empresas que estão na região
nas áreas alimentares e da saúde, mas também aos hospitais. E isso
é uma mais valia para abrirmos a universidade a essas áreas e
públicos. Para além disso, teremos uma área dedicada à incubação de
empresas, onde gostaríamos de ver empresas a nascer e a
crescer.
Convém referir que neste momento já
existem empresas a funcionar dentro da própria universidade, e
outras estão já conversadas. Queremos que os nossos graduados
transformem as suas ideias em negócios, criem o seu próprio emprego
e que consigam criar uma dinâmica de crescimento, de interação e de
fortalecimento daquilo que é este projeto, não só dentro das nossas
instalações, mas junto de toda a região.
O objetivo
é envolver toda a comunidade neste projeto. Já apresentou as suas
propostas ao conselho geral da universidade?
O assunto já foi abordado, mas a
proposta ainda não foi apresentada, pois no último Conselho Geral
estivemos a tratar de outros assuntos como o plano de atividades,
relatório de contas e calendário da eleição do reitor. Eu tenho uma
proposta, que passa pela criação de uma associação sem fins
lucrativos. Se o Conselho Geral aceitar essa forma de gestão da
UBIMedical, passaremos aos convites de novos associados, procurando
ser o mais abrangentes possíveis.
Esta
estrutura também é um bom exemplo de como a UBI tem conseguido
captar fundos do QREN?
É, sem dúvida. Estou bastante
satisfeito porque a universidade tem conseguir captar fundos, quer
a nível institucional, quer em termos individuais ou de grupos de
investigação. A investigação e os projetos que a UBI tem conseguido
nos últimos tempos demonstram que é possível diversificar as fontes
de financiamento da universidade e sobreviver para além do
Orçamento de Estado. A capacidade de autofinanciamento da UBI foi
de 43% em 2012. Isto é, do orçamento global, de cerca de 35 milhões
de euros, só 19 milhões é que vieram do Orçamento de Estado.
Em termos
orçamentais, o rigor nas contas tem sido uma das suas
bandeiras?
O rigor, o aumento da eficiência, a
qualidade, a análise e avaliação pela qualidade, tem-nos permitido
otimizar processos. A situação, nos últimos quatro anos, foi de
grande estabilidade e muito forte em termos económicos. A UBI, que
tem a sua localização no interior do país e as suas próprias
características, soube agarrar muito bem as oportunidades.
35 milhões
de orçamento, acrescidos daquilo que os mais de cinco mil alunos
deixam na região, tornam a UBI como um dos principais motores de
desenvolvimento da região…
Disso ninguém tem dúvidas. É
difícil termos uma noção real do impacto que a universidade tem na
região, pois há muitas formas diretas de o medir, mas há muitos
aspetos indiretos difíceis de quantificar.
No seu
discurso falou de um conjunto de aspetos que marcaram os últimos
quatros anos: cultura de qualidade inclusiva e baseada em padrões
internacionais; a aprovação de um plano estratégico de médio/longo
prazo; o reforço da internacionalização; a maior abertura à
comunidade e à sociedade e o aprofundamento entre o ensino e a
investigação. O balanço deste seu primeiro mandato é positivo?
O balanço é extremamente positivo.
Houve tópicos em que fomos para além daquilo que esperávamos. A
cultura de qualidade será sempre um projeto inacabado.
Implementámos mecanismos, definimos metas e objetivos, mas é um
processo em contínua evolução, o qual deve envolver todos os
professores, alunos e funcionários. Mas demos passos largos nesta
matéria. Obtivemos uma certificação de qualidade internacional,
tivemos uma avaliação da EUA, a renovação da certificação ISO 9001
e o seu alargamento à ação social.
A capacidade financeira da
universidade também foi muito boa. Diria que estamos no bom
caminho, os resultados foram excelentes, pelo que há que continuar
com estes objetivos e esta metodologia.
Como vai
ser o novo plano estratégico e de desenvolvimento da UBI para os
próximos quatro anos?
Temos alguns objetivos a alcançar que estão definidos no Plano
Estratégico 2020, na ligação do ensino com a investigação, na
internacionalização, e reforço da cultura de qualidade. São aspetos
que vão fazer parte do meu plano para os próximos quatro anos,
através de ações concretas, que aparecerão na devida altura.
Já anunciou
que será recandidato ao cargo de reitor. Essas serão as suas
prioridades?
Basicamente serão estas. Mas
importa referir que hoje a UBI está melhor preparada para uma
melhor interação com o exterior e com todos os parceiros. Ou seja,
a universidade deve fazer tudo o que referi de uma forma mais
aberta e interativa com toda a região, para que no futuro possamos
dizer que a universidade contribuiu para o fortalecimento da
região.
Em termos
de ofertas formativas para o próximo ano haverá alguma
novidade?
A única será o curso de
licenciatura em Ciências da Cultura, o qual substituirá o de
Filosofia. Tudo o resto se manterá. O Curso de Ciências da Cultura
vai permitir termos um projeto de ensino-investigação muito forte,
mas também uma maior abertura ao exterior, e uma maior interação
com as instituições e associações culturais da região.
Mudando de
assunto. Um pouco por todo o país muitos alunos sentem dificuldades
em pagar propinas. De que forma é que a UBI está a solucionar e a
resolver esses casos?
A universidade tem tido uma
situação estável no que respeita ao número de abandonos. No que
respeita às propinas, adotámos um plano de pagamento que favorece
os alunos, pois permite-lhes pagarem a propina durante várias
fases.
Por outro lado, a UBI está a ajudar
aqueles que mais precisam, através de um fundo de apoio social
criado pela própria universidade. Se não fosse esse fundo, os
alunos teriam abandonado a universidade. Ou seja para além dos 1800
bolseiros que a UBI tem, sentimos a necessidade de nos
substituirmos ao Estado e de arranjar formas complementares que têm
resultado muito bem.
Continua a
defender uma relação próxima entre a reitoria e os alunos da
instituição?
Os parceiros mais importantes que
temos são os alunos. Sempre me pautei, em todos os cargos que
exerci, de ter uma relação muito cordial e construtiva com os
estudantes. Todos os processos numa universidade europeia devem ter
uma participação dos alunos. Numa universidade do século XXI,
europeia e moderna, os alunos são parceiros importantes. Sempre me
dei bem com isso. Tenho tido a preocupação de os saber ouvir e
tenho a certeza que quando preciso que eles me ouvem, eles
fazem-no. Penso que a universidade ficará muito mal se não seguir
esta filosofia de cooperação com os alunos.