Cultura

Gente e Livros
Eugénio de Andrade

Eugénio-de-Andrade.jpg«Também o deserto vem

Do mar. Não sei em que navio,

Mas foi desses lugares

Que chegaram ao meu jardim

As palmeiras.

Com o sol das areias

Em cada folha,

Na coroa o sopro

Ainda húmido das estrelas.»

In Também o Deserto Vem

 

Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas, nasceu na Póvoa da Atalaia, Fundão, a 19 de janeiro de 1923. Aos 10 anos fixou-se em Lisboa com a mãe, figura chave na sua vida. Frequentou o liceu Passos Manuel e a Escola Técnica Machado da Costa. O primeiro poema, "Narciso", foi escrito em 1936 e publicado três anos mais tarde.

Em 1943, mudou-se para Coimbra, de onde regressou depois de ter cumprido o serviço militar obrigatório. Convive com Miguel Torga e Eduardo Lourenço. É colocado nos Serviços de Saúde de Lisboa. Fazem-se as primeiras traduções dos seus poemas para francês. Em 1945, a Livraria Francesa publica o seu livro "Pureza".

Em 1947, começa a desempenhar o cargo de inspector administrativo do Ministério da Saúde. Trabalha como funcionário público durante 35 anos.

O seu livro de poesia "As Mãos e os Frutos" (1948) alcança sucesso.

Convive com várias personalidades da cena cultural e literária do país como Joel Serrão, Miguel Torga, Afonso Duarte, Carlos Oliveira, Eduardo Lourenço, Sophia de Mello Breyner Andresen, Teixeira de Pascoaes, Vitorino Nemésio, Mário Cesariny, Marguerite Yourcenar e Herberto Helder.

O poeta sempre fugiu da vida social. As aparições públicas eram raras e justificadas por «essa debilidade do coração que é a amizade.»

A sua poesia foi reconhecida com vários prémios: Associação Internacional de Críticos Literários (1906); Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (1988); Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989) e Prémio Camões (2001). A 8 de Julho de 1982 foi feito Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 4 de Fevereiro foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito. Faleceu a 13 de Junho, de 1923, no Porto, após doença neurológica prolongada.



Da sua bibliografia fazem parte títulos como: Os Amantes sem Dinheiro (1950); As Palavras Interditas (1952); Escrito na Terra (1974); Matéria Solar (1980); Rente ao Dizer (1992); Ofício da Paciência (1994); O Sal da Língua (1995); e os Afluentes do Silêncio (1968).

Eugénia Sousa
 
 
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