Quatro Rodas
O meu Mercedes podia chamar-se Jellinek
Contrariamente ao que pode induzir o título, eu não
tenho um Mercedes, nem nunca tive. Caminho, no entanto, para uma
idade onde gostaria de poder fruir um belo 190 prateado dos anos
50.
Deixemo-nos, no entanto, destas
divagações e comecemos a nossa história de hoje, que tem como
objetivo explicar este titulo algo bizarro, ou seja, porque é que
os Mercedes podiam ter-se chamado Jellinek?
A Mercedes Benz nasce apenas em
1926, mas a história dos seus fundadores remonta aos finais do
seculo XIX. Nessa altura Karl Benz e Gottlieb Daimler já fabricavam
os seus automóveis mas eram rivais na conquista dos mercados dessa
época.
Temos por isso que voltar atrás no
tempo de modo a percebermos como apareceu o nome Mercedes.
Regressemos então a 1900, ano em que morreu Gottlieb Daimler. Após
a sua morte foi Wilhelm Maybach quem passou a liderar empresa que
matinha o seu nome. Nesse mesmo ano Maybach recebeu uma encomenda
para 36 automóveis muito especiais.
Quem fez a encomenda foi Emil
Jellinek, um austríaco que tinha passado por vários negócios e
nessa altura vivia na riviera francesa. Os carros pedidos à Daimler
tinham especificações próprias que lhe permitiam um maior
desempenho.
Jellinek começou então a vender os
veículos para competição e estes de imediato ganharam as principais
corridas do início do seculo XX. Para os diferenciar dos pouco
potentes Daimler, decidiu batizar estas maquinas vencedoras com o
primeiro nome de sua filha, Mercedes Adrienne Manuela Ramona
Jellinek.
Assim apareceram os primeiros
Mercedes, fabricados pela Daimler num ambiente de competição e com
fama de vencedores desde a nascença.
O sucesso dos Mercedes foi tal, que
a própria Daimler adotou o nome para vender os seus veículos, pois
o produto Mercedes passou a ser muito mais reconhecido na Europa
que os seus Daimler. Foi assim que em 1926 levou este nome para a
nova marca que resultou do acordo com a Benz & CO;
Deixo aqui uma foto de Jellinek com
a filha Mercedes, um nome bem latino, que resistiu até hoje, e foi
cimentando a imagem de um automóvel tecnologicamente evoluído, e
imbatível em competição.
Fosse Jellinek mais narcisista, e
em vez de Mercedes, a conhecida marca de Stuttgart poderia ter hoje
o seu nome.
Paulo Almeida
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