Primeira coluna
Formar para aquilo que ainda não existe
Um dos grandes desafios que se coloca às
instituições de ensino superior é o de qualificar e formar os seus
alunos para aquilo que ainda não existe. Isto é, para profissões
que, não existindo, e não se sabendo quais são, vão aparecer num
curto espaço de tempo. É uma equação identificada por muitas
universidades e politécnicos, por muitos especialistas, que em
vários fóruns vai sendo discutida.
Este é, porventura, um dos desafios mais importantes (a par de
outros como a internacionalização, a investigação e a captação de
alunos internacionais) que as instituições de ensino superior terão
pela frente no muito curto espaço de tempo, apresentando aos seus
alunos para além das formações específicas afetas a um determinado
curso, outro tipo de competências, mais transversais, que no
conjunto os habilitarão melhor a encarar as profissões do futuro,
que não se conhecem, mas que vão aparecer.
O mundo é feito de mudança. Esta nova perspetiva entronca numa
outra, a de que uma licenciatura não é o fim, mas deve ser encarada
como o começo de um percurso académico e profissional,
independentemente da função que cada um venha a desempenhar nas
empresas, em organismos públicos, ou noutras entidades. O ritmo
tecnológico em que nos movemos obriga a esta reflexão, mas acima de
tudo a esta mudança de paradigma.
Por isso, a formação não deve, em si, terminar com a «queima das
fitas», mas deve prosseguir ao longo da nossa carreira
profissional. Também aqui, a academia deve saber interpretar os
sinais do mundo empresarial e da sociedade. Quando se fala nessa
ligação, as instituições de ensino superior terão aqui uma
oportunidade de contribuir para esse desenvolvimento. Não me refiro
apenas à criação de cursos superiores como CTesp's, licenciaturas,
mestrados, doutoramentos ou pós-graduações, mas sim de formações
feitas à medida, de muito curta duração, mas que garantem valor
acrescentado a quem é formado e às empresas.
Tudo isto traz novas exigências à academia. Desde logo à sua
abertura ao mundo envolvente, mas também à criação de uma nova
mentalidade, mais aberta, que consiga, sem sobressaltos, criar
dinâmicas, novas formas de ensino aprendizagem, que permitam
habilitar os docentes em domínios mais transversais capacitando--os
para melhor formarem os seus alunos para um futuro que trará novas
profissões e um mundo cheio de oportunidades. Quem olhar para esta
questão de uma forma pouco afirmativa poderá trazer para a sua
instituição e para os seus diplomados danos difíceis de
recuperar.