Pedro Dominguinhos preside ao CCISP
Pedro Dominguinhos tomou posse, no passado dia
16, como presidente do Conselho Coordenador dos Institutos
Superiores Politécnicos (CCISP). Na cerimónia presidida pelo
Ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, o novo homem forte do
CCISP homenageou com o voto de louvor o seu antecessor, Nuno Mangas
(na foto). O novo presidente do CCISP considera que "continuam a
subsistir vários obstáculos que urge remover, se queremos
resultados mais visíveis e com maior impacto para a sociedade".
Pedro Dominguinhos fala do
financiamento das instituições. "Seria importante chegarmos a um
nível de financiamento, para o Ensino Superior, semelhante ao da
média da OCDE. Este é um compromisso que deve ser coletivo, como
referiu o Senhor Presidente da República, não devendo merecer
divisão. Para além disso, as transferências do orçamento de estado
decorrentes das alterações legislativas devem representar a
totalidade dos encargos e não apenas uma percentagem que não cobre
mais de 70% desse montante. Não podemos aceitar esta metodologia".
Outro dos obstáculos diz respeito à contratação pública. "O novo
Código de Contratação Pública, que entrou em vigor este ano, está a
dificultar a vida das Instituições de Ensino Superior (IES), em
especial no que respeita à execução dos projetos de I&D. Nunca
as IES geriram tantos projetos e de montantes tão elevados,
angariados através de financiamento competitivo, essenciais para o
desenvolvimento do conhecimento, da sociedade e para a
sustentabilidade financeira dasc mesmas. Podemos correr o risco
desses projetos não serem executados por atrasos irreversíveis na
aquisição de bens e serviços, em resultado da excessiva carga
burocrática associada ao processo de contratação pública". Pedro
Dominguinhos refere ainda a questão da a autonomia das
instituições. "É verdade que o ensino superior, nos últimos dois
anos, tem ficado de fora de algumas medidas mais restritivas, como
cativações e limitações à contratação de pessoas. Mas importa
densificar a autonomia consagrada no Regime Jurídico da
Instituições de Ensino Superior, para além do regime fundacional.
As IES têm demonstrado a sua responsabilidade perante o país. Têm
conseguido responder aos desafios num quadro de redução do
financiamento público. Está na hora do país lhe reconhecer a
maturidade e os elevados contributos que têm prestado,
garantindo-lhe as condições legais necessárias para poderem
desempenhar a sua missão".
Apesar daqueles obstáculos, o novo presidente do
CCISP fala de compromissos para os próximos dois anos. "O primeiro
é com o país. O CCISP e as instituições nele representadas assumem
a responsabilidade de responder aos desafios inerentes à construção
de uma sociedade baseada no conhecimento, qualificando os jovens e
a população ativa, quer na formação inicial quer na formação ao
longo da vida. Temos sido capazes de responder às exigências das
empresas e demais organizações, formando profissionais competentes
e fazendo evoluir as profissões". Na sua perspetiva "o Ensino
Politécnico funciona como elevador social para milhares de pessoas.
Esta é uma missão nobre que continuaremos a desempenhar". O também
presidente do Politécnico de Setúbal abordou ainda a questão dos
alunos do ensino profissional. "Não podemos aceitar que mais de 80%
destes estudantes que terminam o ensino secundário, não prossigam
para o ensino superior", disse. "O segundo compromisso é para com
os estudantes. Os dados do insucesso académico e do abandono são
preocupantes e devem mobilizar-nos para a ação. O investimento na
inovação pedagógica, na formação de docentes e nas novas
tecnologias aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem devem
fazer parte das nossas prioridades", acrescentou.
O presidente do Conselho
Coordenador adianta que o "terceiro compromisso é para com os
territórios onde nos inserimos. O relatório da OCDE é claro ao
desafiar os Politécnicos a serem um dos motores do desenvolvimento
regional, assumindo o seu papel dinamizador na quadrupla hélice
regional, para além das empresas, instituições públicas e sociedade
civil. Esta cumplicidade com as regiões faz parte da matriz
identitária dos Politécnicos e que assumimos". Finalmente, diz, "o
quarto compromisso é com a ciência e com o conhecimento.
Desenvolver os territórios, promover uma sociedade mais justa e
coesa, promover a competitividade das empresas ou competir numa
sociedade do conhecimento, apenas se faz com investigação de
qualidade, alicerçada em recursos humanos qualificados e em
condições materiais, laboratoriais e financeiras adequadas. Nos
últimos anos, e numa situação de subfinanciamento, os Politécnicos
viram aumentar a qualificação dos seus docentes de uma forma
extraordinária, ultrapassando hoje mais de 50% de doutorados. O
número de projetos financiados tem crescido de uma forma
sustentada. Mas precisamos de criar ambientes de investigação mais
favoráveis, com lideranças científicas fortes".
Pedro Dominguinhos abordou ainda
a questão da outorga do grau de doutor. "É um processo que
agora começou e que vai necessitar da alteração da Lei de Bases do
Sistema Educativo e do RJIES. As reações dos diversos partidos
políticos têm sido unânimes, em reconhecerem a bondade da medida.
(…) Apelamos, por isso, a que possam incluir esta alteração no
vosso programa de ação. Tudo faremos, nos próximos tempos,
para que esta alteração possa ser concretizada".