Escola

Jornadas discutem o poder da desordem na escola

O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) considerou que os resultados da avaliação às unidades de investigação "colocam em causa o futuro dos centros", que defende ser indispensáveis para o trabalho científico e o "desenvolvimento das regiões".

Num curto comunicado, o CCISP diz que os resultados "colocam em causa o futuro" das unidades de investigação, "indispensáveis ao cumprimento da missão das instituições e à prossecução do importante trabalho que desenvolvem em prol da ciência, do ensino superior e do desenvolvimento das regiões".

A nota do CCISP, que se reuniu no passado dia 10, no Algarve, surge depois de algumas instituições terem contestado a avaliação, apontando irregularidades.

Os resultados em causa, divulgados em finais de junho pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, entidade pública que subsidia a investigação científica, referem-se à primeira fase da avaliação das unidades de investigação, incluindo laboratórios associados.

De um total de 322 unidades que se candidataram, em 2013, a fundos públicos, 71 não vão receber qualquer financiamento, uma vez que tiveram uma nota inferior a "bom".

As restantes - 251 - têm um financiamento base garantido, entre 5.000 e 400.000 euros anuais, sendo que 168 passaram à segunda fase, que termina em dezembro, podendo ter um financiamento estratégico suplementar, sem teto máximo fixado, se tiveram classificação superior a "bom", ou seja, "excecional", "excelente" ou "muito bom".

Algumas unidades lesadas, que prometeram recorrer à audiência prévia, têm criticado o processo de avaliação.

Mas os protestos surgem também de outras instituições. A reitora da Universidade de Évora, Ana Maria Costa Freitas, apontou "bastantes discrepâncias na avaliação", dando como exemplo "painéis com critérios nitidamente diferentes" e "resultados díspares e afirmações que, em alguns casos, são quase ofensivas para a Ciência em Portugal".

Seis centros de investigação ligados a esta universidade não passaram à segunda fase da avaliação, o que, para a reitora, significa "perda de financiamento plurianual".

Também , o coordenador do Centro de Linguística da Universidade do Porto, João Veloso, admitiu, em declarações mais alarmantes, à Lusa, que a unidade corre o risco de encerrar por falta de financiamento, ao perder, a partir de janeiro, os 50.000 euros anuais que recebia.

João Veloso considera a avaliação atribuída "muito injusta, muito drástica e sobretudo muitíssimo mal fundamentada", salientando que houve dois linguistas num painel de 16 elementos para avaliação da área de Humanidades.

Por sua vez, os centros de investigação da Universidade de Coimbra manifestaram, igualmente, o receio do seu fim, com Constância Providência, coordenadora de uma das entidades lesadas, o Centro de Física, a evocar "argumentos errados" na avaliação.

A Fundação para a Ciência e Tecnologia, garantiu um esclarecimento sobre o assunto, em comunicado, indicou à Lusa que está em "diálogo constante" com as entidades envolvidas no processo de avaliação, "no sentido de ajudar a definir um programa estratégico que seja adequado para poderem melhorar a sua classificação no futuro".

O processo de avaliação já tinha sido criticado, em março, pelo Conselho de Laboratórios Associados, que agrupa 26 laboratórios, ao definir a Fundação Europeia para a Ciência, responsável pela seleção dos avaliadores, como "uma organização sem experiência na matéria, em graves dificuldades e em vias de extinção".

Em resposta, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Miguel Seabra, disse, numa carta dirigida aos laboratórios, que a organização europeia, de "inquestionável reputação" para garantir "a necessária isenção e transparência no processo de avaliação" das unidades de investigação, estava em reestruturação, com vista à sua "especialização na organização e no apoio a exercícios internacionais de avaliação científica".

 
 
 
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