Universidade da Beira Interior
Operários voltam ao Museu
O Museu de Lanifícios da
Universidade da Beira Interior (UBI) assinalou o Dia Internacional
dos Monumentos e Sítios, a 18 de abril, com uma série de atividades
que envolveram antigos trabalhadores de fábricas do setor, como por
exemplo da Real Fábrica Veiga, um dos núcleos do espaço
museológico, palco escolhido para o encontro intergeracional
subordinado ao tema "A Vida na Fábrica".
Sob os olhares atentos de alunos do
agrupamento de escolas A Lã e a Neve, o debuxador Jorge Trindade
conduziu um grupo de crianças, de 4 a 6 anos, para um passeio entre
as máquinas do museu, contando como era o trabalho em torno da lã.
O ex-operário, que toda a vida trabalhou com desenhos em tecidos,
explicou que as atividades nos lanifícios muitas vezes eram
familiares, já que contavam com a presença de mães, pais e filhos.
"A mulher trabalhava na roca de fiar, as crianças nas caneleiras e
os homens no tear", ressaltou.
Nascido na Covilhã, Jorge Trindade
começou a trabalhar aos 11 anos, na década de 1950. O debuxador
ressaltou que naquela época, a vida de um operário era muito
difícil: "Durante mais de 40 anos, vivemos numa ditadura terrível.
Era complicado até mesmo organizar cooperativas de operários".
Ainda de acordo com o operário, outra dificuldade era que as
fábricas portuguesas não exportavam praticamente nenhum produto.
"Os lanifícios trabalhavam apenas com o mercado interno e estavam
sujeitos à concorrência entre as confecções", destacou.
Neste ano, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios teve como
tema "Património Cultural: de geração para geração". Para Jorge
Trindade, é importante que o Museu de Lanifícios continue
valorizando datas como essa e organize programações específicas
para levar o público ao local. "Se essas atividades se tornarem
rotineiras, é possível que tenham impactos para o museu",
ressaltou.