Edições RVJ
Histórias de uma vida com muitas histórias
Antónia Dias de Carvalho tem 80
anos e apresentou, recentemente, o seu livro "Poemas para cantar
com o coração a falar". Foi professora de costura no Colégio
Militar, onde foi agraciada com diferentes louvores. Fez parte da
banda Filarmónica Cidade de Castelo Branco durante 12 anos. No
ensino foi das primeiras alunas da Universidade Sénior
Albicastrense (Usalbi) onde é co-fundadora da Tuna, autora do seu
hino e do bordado do estandarte. Pertence ao Grupo de Teatro da
Universidade e é uma presença assídua nas iniciativas culturais
promovidas em Castelo Branco. É ainda autora do fado Fadusalbi e
foi voluntária da Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco.
Aos 80 anos continua com o seu
dinamismo e decidiu escrever um livro. "Poemas para cantar com o
coração a falar" é uma obra poética, onde a autora conta a sua vida
e a forma de ajudar o próximo. Natural de Sobral do Campo, Antónia
Dias de Carvalho viveu "numa casa feita de pedra e barro pelas mãos
do próprio pai. Ficava a dois quilómetros e meio da escola que
frequentou apenas três meses, pois as graves carências familiares
levaram-na ao trabalho no campo (e, diz ela, que aí se ajoelhava de
mãos postas para o céu, pedindo a Deus uma vida melhor que lhe
permitisse voltar a estudar)", é explicado nesta obra, que surge ao
público com o apoio da autarquia albicastrense e da Usalbi.
A apresentação do livro decorreu,
no dia 14 de maio, na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, cujo
auditório foi pequeno para acolher tantos amigos. Luís Correia,
presidente da Câmara, recorda que "Antónia Dias de Carvalho gosta
de dar a sua força às pessoas amigas", acrescentando que "sempre
fui vendo a D. Antónia em muitas atividades da nossa comunidade,
como um agradecimento à vida". Também Arnaldo Brás, responsável
pela Usalbi, destacou o grande dinamismo da autora, "uma das
primeiras alunas da nossa universidade, que nos lançou o desafio de
termos uma tuna académica, o que se veio a concretizar com a
colaboração da Estudantina".
Antónia Dias de Carvalho mostrou-se
emocionada. Sempre foi uma mulher de fibra, com sensibilidade e
determinação. "Aos quinze anos pediu a uma tia que vivia em Lisboa
que a levasse e lhe desse esperança de outra vida. Apesar das dez
horas de trabalho diário, estudava à noite e fez o Curso Geral dos
liceus e o Curso Complementar. Foi professora de Corte e Costura e
como costureira entrou no Colégio Militar, onde trabalhou vinte
anos, tendo sido louvada várias vezes. Por doença asmática grave
aposentou-se, voltando à sua aldeia natal e melhorando em Termas.
Tinha sessenta e seis anos quando veio morar para Castelo Branco.
Entrou na Banda Filarmónica Cidade de Castelo Branco, matriculou-se
na Universidade Sénior Albicastrense (USALBI) e fez voluntariado na
Santa Casa da Misericórdia. Doença grave na coluna obriga ao
abandono da Banda, onde tocara Requinta durante doze anos", é
explicado no livro, editado pela RVJ Editores.
Maria de Lurdes Barata, docente do
ensino superior e da Usalbi, autora da nota introdutória, revela
que no livro "há uma evidência em todo o registo poético de Antónia
Dias Carvalho, que é a defesa dos valores comunitários como o
respeito, a dignidade, a solidariedade, a gratidão, a
responsabilidade que tem a ver com princípios de cidadania, com
deveres e direitos cívicos e culturais".