3º período: aulas regressam a distância, diz Conselho Nacional de Educação
As aulas do terceiro período letivo
vão arrancar ainda à distância devido à pandemia de covid-19,
adiantou Maria Emília Brederode Santos, presidente do Conselho
Nacional de Educação, que considerou o regresso às escolas em maio
pouco viável.
O Conselho
Nacional de Educação participou na terceira reunião para avaliar a
situação epidemiológica da covid-19 em Portugal, promovida pelo
Governo, que decorreu durante dia 7 de abril, e reuniu também por
videoconferência com o ministro da Educação, Tiago Brandão
Rodrigues, da parte da tarde.
Esta posição
vem ao encontro das palavras do Presidente da República, Marcelo
Rebelo de Sousa, que no final dessa mesma reunião, referiu que as
escolas não deveriam abrir durante este mês. "É o senhor
primeiro-ministro que o dirá no dia 9 de abril, mas daquilo que
disseram os especialistas, é ganhar em abril o mês de maio,
portanto, é manter este esforço em abril", disse aos
jornalistas.
Em
declarações à Lusa, a presidente do CNE, Maria Emília Brederode
Santos, adiantou que o regresso às atividades letivas presenciais
não será para já, acrescentando que o recomeço em maio é uma
decisão que voltará a ser discutida mais à frente.
Recorde-se
que o primeiro-ministro, António Costa, apontou 4 de maio como a
data limite para um recomeço das aulas presenciais que assegure o
cumprimento com normalidade do calendário escolar, designadamente
no ensino secundário, mas a proposta mereceu contestação por parte
de pais, professores e diretores escolares.
"A medida
também não irá para a frente se não houver grande segurança",
afirmou a presidente do conselho, sublinhando que os conselheiros
de Estado manifestaram receio em relação à possibilidade de retomar
as aulas em maio, uma vez que o momento atual ainda é de
incerteza.
Maria Emília
Brederode Santos reforçou ainda que é muito difícil fazer previsões
sobre aquilo que poderá acontecer daqui a duas ou tês semanas,
considerando que as medidas devem ser flexíveis e acompanhar a
evolução da situação, mas adiantou que já estão a ser discutidas
soluções para a avaliação dos alunos.
"Em abril [o
regresso às escolas] não vai com certeza", afirmou, remetendo nova
avaliação numa próxima reunião, embora admita que "à partida não
parece muito viável" que aconteça em maio.
Relativamente à avaliação externa, existe consenso em torno da
suspensão das provas de aferição do primeiro e segundo ciclos, bem
como dos exames finais do 9.º ano, pelo que esta será a opção mais
provável, segundo a presidente do CNE.
Para a
avaliação do terceiro período, estão ainda em cima da mesa três
alternativas: manter a avaliação habitual do último período, não
considerar para efeitos de avaliação os conteúdos lecionados em
ensino à distância ou atribuir a avaliação do segundo período como
nota final, considerando o trabalho avaliado à distância apenas nos
casos em que beneficie o aluno, sendo esta última aquela que Maria
Emília Brederode Santos considera mais apropriada.
Segundo o
CNE, o acesso ao ensino superior e a realização dos exames
nacionais do ensino secundário continuam a ser os temas mais
complexos, com a presidente a sugerir que a solução mais simples
seria adiar o calendário de exames.
Maria Emília
Brederode Santos sublinhou, no entanto, que, apesar das posições
divergentes em relação a algumas problemáticas, houve um "esforço
extraordinário" por parte do Governo e da comunidade escolar para
melhor responder à situação atípica, conscientes de que "não
existem soluções milagrosas".
A presidente
do CNE elogiou ainda a disponibilização de conteúdos educativos e
de aulas através dos canais disponíveis na Televisão Digital
Terrestre (TDT), para possibilitar o acesso aos alunos mais
carenciados, mas alertou que é importante garantir o contacto
personalizado com os professores.
Para a
maioria dos alunos do ensino básico e secundário, o terceiro
período começa na próxima segunda-feira e o Governo avalia na
quinta-feira se vai manter as aulas à distância, tal como aconteceu
nas duas últimas semanas antes das férias da Páscoa.
Desde 16 de
março que todas as escolas, desde creches a universidades e
institutos politécnicos, estão encerradas, como forma de conter a
disseminação do novo coronavírus, responsável pela pandemia da
covid-19, que já infetou 12.442 pessoas em Portugal.