Geração na rede
As redes sociais tornaram-se num
instrumento valioso para a organização de manifestações em todo o
mundo, algumas delas com consequências concretas para a vida das
populações, como aconteceu no Egipto. Há meia dúzia de anos o poder
das mensagens de telemóvel (SMS's) levou a que em Espanha as
sondagens se enganassem, e uma reunião de milhares de pessoas
saísse às ruas nas vésperas das eleições legislativas.
Em Portugal, país democrático, onde
a rede de ensino superior existente tem garantido a oportunidade
dos seus jovens tirarem os seus cursos, promoveu-se um protesto em
várias cidades lusitanas, denominado Geração à Rasca. Mais uma vez
as redes sociais serviram de plataforma para a organização do
evento. No protesto não surgiu uma gerança enrascada, mas várias
gerações que decidiram manifestar-se, ordeiramente, contra aquilo
que lhes ía na alma, sem qualquer alvo em particular, mas com
muitas críticas para se fazerem ouvir.
A sociedade nunca foi tão exigente
como agora. É importante que os jovens percebam isso. É importante
que compreendam que as manifestações são válidas para demonstrar o
seu descontentamento ou indignação, como também é importante o
aparecimento de propostas, de ideias inovadoras, que consigam
transformar as dificuldades em oportunidades.
As redes sociais podem ser um
excelente instrumento para potenciar o empreendedorismo. Ao
contrário do que sucedia há algumas décadas atrás, concluir-se um
curso no ensino superior não significa emprego garantido. Mais, não
significa, necessariamente, arranjar emprego na área de formação
inicial. Da mesma forma entusiasta com que muitos estudantes,
legitimamente, quiseram fazer ouvir a sua voz, também deveriam
procurar eles próprios lançar ideias inovadoras de negócio,
potenciando-as através do mundo virtual.
A questão do empreendedorismo tem
merecido uma atenção especial por parte das instituições de ensino
superior. Os institutos politécnicos apostam num concurso nacional,
o Poliempreende e as universidades também têm promovido desafios
semelhantes aos seus alunos e docentes. Os próprios currículos já
incluem conteúdos de empreendedorismo. É claro que isso não é
suficiente para resolver todos os problemas de que uma geração à
rasca diz ser alvo. Mas vistas bem as coisas à rasca sempre
estiveram todas as gerações, só que agora as mais novas estão
melhor qualificadas, pelo que devem ser mais exigentes... até
consigo próprias.