Politécnico de Beja
A FarmVille de Beja
Quem vê Ester Candeias "de olho" na
planta virtual de uma horta no computador pensará que joga
"FarmVille", mas, de facto, gere uma horta verdadeira, através de
um projeto que transpõe para a realidade a lógica do jogo.
Ester é cliente do projeto
MyFarm.com, criado por um professor e cinco alunos do Instituto
Politécnico de Beja (IPB) para permitir a clientes terem hortas
reais geridas via Internet e receberem os produtos em casa,
enquanto no "Farmville" o jogador gere uma quinta virtual, sem
poder provar o que produz.
"Há bichinhos que nos roem" e ter
uma horta era um dos seus, contou à agência Lusa, Ester, de 61
anos, referindo que o projeto, ao qual aderiu no início da fase
piloto, em abril de 2012, é "uma maravilha".
O MyFarm.com permite a pessoas "sem
tempo, paciência, conhecimentos e terreno" terem uma horta real,
mas totalmente gerida via Internet, disse o professor e coordenador
do projeto Luís Luz.
Os clientes gerem as hortas e
controlam a produção, desde a sementeira à colheita, através da
Internet, como no jogo, mas têm a "grande vantagem" de aquelas
serem reais, ao ponto de receberem os produtos em casa, frisou.
"O cliente pode não perceber nada
de agricultura, o que é o caso de muitos", porque só tem que
decidir o que quer produzir e não precisa de mexer na terra, já que
a equipa do projeto aconselha e faz os trabalhos na horta, disse
Raul Santos, um dos alunos mentores do MyFarm.com.
Couves, alfaces, alhos, cebolas e
coentros são alguns dos produtos da horta de Ester, um dos 12
clientes da fase piloto, a decorrer até final de abril, no Centro
Hortofrutícola do IPB.
"Sabe muito bem" receber em casa
produtos hortofrutícolas "sem produtos químicos" e sabendo "de onde
vêm", realçou Ester, frisando que, "a maior parte das vezes", as
pessoas compram este tipo de produtos e nem sabem de onde vêm ou
como são produzidos.
"Não há nada como sabermos aquilo
que comemos", frisou, referindo que, atualmente, investe cerca de
50 euros por mês na horta, a qual quer manter.
O MyFarm.com, projeto
"semi-académico e inovador", já permitiu criar uma empresa e os
promotores querem transformá-lo num negócio e expandi-lo para
outros centros urbanos, como Setúbal, Lisboa e Porto, onde estão os
"potenciais clientes", disse Luís Luz.
Atualmente, há 575 pessoas
espalhadas pelo país interessadas em aderir ao projeto, indicou o
professor, explicando que a expansão deverá ser feita através de
parcerias com pequenos hortelões.
"Tenho ideia de que [o projeto] vai
resultar e ser uma nova maneira de as pessoas verem e se
aproximarem mais da agricultura e quero fazer disto a minha vida",
frisou Raul Santos.
Atualmente, os custos dos produtos
para os clientes são "inferiores ou muito semelhantes" aos preços
do mercado e, na fase de expansão, deverão rondar os 25 euros por
semana, valor "semelhante" ao de alguns cabazes semanais entregues
ao domicílio, disse Luís Luz.
Os clientes, através das suas áreas
pessoais, no sítio de Internet do projeto, em www.myfarm.com.pt,
além de gerirem, também podem observar as hortas em tempo real, já
que são filmadas 24 por dia por câmaras web.
"É agradável", frisou Ester,
referindo que "todos os dias" vê a sua horta, via Internet, o que
lhe "faz muito bem ao ego e à alma".