Polémica: Ministério das Finanças cativa milhões a universidades e politécnicos
O Ministério das Finanças lançou
uma autêntica bomba no ensino superior em Portugal, ao cativar 44
milhões de euros nos orçamentos das universidades e 13 milhões aos
dos politécnicos. CRUP e CCISP dizem que a medida é ilegal.
O Conselho Coordenador dos
Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) e o Conselho de
Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) manifestaram-se
contra os cortes anunciados. Os dois organismos
solicitaram reuniões de urgência com o Primeiro Ministro, António
Costa, e com o Ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, face à
cativação por parte da Direção Geral do Orçamento do Ministério das
Finanças, de 13 milhões de euros aos institutos politécnicos e de
44 milhões às universidades.
Joaquim Mourato, presidente do
Ccisp, manifestou a sua perplexidade "pelo facto de a Direção-Geral
do Orçamento do Ministério das Finanças (DGO) ter lançado a
cativação de cerca de 13 milhões de euros nos orçamentos das
instituições de ensino superior politécnico, sem qualquer
sustentação legal e sem qualquer articulação prévia com as
instituições".
Em comunicado enviado à nossa
redação, o Ccisp considera que a medida não é legal. "O Orçamento
do Estado para 2016, à semelhança dos anos anteriores, não prevê
cativações que incidam em despesas relacionadas com o financiamento
comunitário, nem com as receitas próprias. (…) É totalmente
inaceitável e ilegal a existência de cativações, nomeadamente sobre
despesas suportadas com receitas geradas pelas próprias
instituições, nas quais se incluem receitas de propinas, com verbas
destinadas à ação social e com projetos financiados por fundos
comunitários", afirmam os politécnicos.
Para os Politécnicos, atendendo à
"gravidade desta situação, dado que este procedimento irá bloquear
o funcionamento e a boa governação das instituições de ensino
superior esta imposição só pode resultar de "um equívoco do
Ministério das Finanças". O Ccisp recorda ainda que "estas medidas
não foram aplicadas nos últimos quatro anos", durante o programa de
ajustamento económico e financeiro, o CCISP afirma que não se
recorda de "uma interferência com esta ordem de grandeza por parte
do Estado".
Os politécnicos lamentam "este modo
de atuação do Ministério das Finanças", que representa um
"retrocesso no que toca à autonomia e confiança conferidas" às
instituições de ensino superior.
No mesmo comunicado os politécnicos
lembram que "quando era esperada a anunciada inversão da política
de subfinanciamento que tem caracterizado o ensino superior, o
Ministério das Finanças faz com que o financiamento por parte do
Estado seja inferior a 2015".
As críticas a estes cortes foram
também claras pela voz do Conselho de Reitores das
Universidades Portuguesas (CRUP) que ainda antes dos politécnicos
tomou uma posição muito idêntica.
Os reitores classificam de
"inaceitável" o conjunto de cativações, no valor de 44 milhões de
euros, às dotações financeiras para as universidades públicas
inscritas no Orçamento do Estado para este ano.
Os reitores também decidiram pedir
ao primeiro-ministro a "urgente reversão deste processo anómalo",
alertando que a sua manutenção acarretará "gravíssimas
consequências" para o funcionamento das universidades públicas em
2016.