Entrevista

Humorista em entrevista
António Raminhos entre "As Marias"

BRAIN.jpgO humorista António Raminhos anda a percorrer o país com "As Marias", um espetáculo onde leva o público numa viagem pelos dramas e peripécias que todos passamos na infância, adolescência, casamento e paternidade. A família assume, na vida e em palco, o papel central.

O espetáculo "As Marias" utiliza vídeos das brincadeiras que tem no dia-a-dia com as suas duas filhas. Como surgiu a ideia?

Eu já tive as minhas filhas a pensar nos espetáculos (risos). Mais a sério, comecei a fazer os vídeos por acaso. Tinha esse hábito de gravar as nossas brincadeiras, mas enviava os vídeos só para a minha mulher. Um dia resolvi pôr na internet e a coisa correu bem. A história dos vídeos surgiu aí. O espetáculo nasceu num dia em que simplesmente comecei a pensar "como é que eu posso transportar isto para o stand-up comedy". Então decidi fazer uma espécie de workshop, quase uma palestra com uma apresentação powerpoint onde vamos seguindo um enredo. A ideia tem funcionado muito bem.

É um espetáculo que tem enchido salas de norte a sul do país. Vai continuar até quando com apresentações d' "As Marias"?

Teoricamente era para terminar no dia 19 de março. Mas entretanto continuo a receber convites e acho que vou ter de continuar a fazer isto, pelo menos mais uns tempos… para aí até elas terem 18 anos.

Já tem ideias para construir outra apresentação?

Se for no mesmo registo de apresentação, agora gostava de não fazer sobre as miúdas. Mas ainda não pensei nisso e sou muito de impulsos.

Neste momento está em diversas frentes. Com o espetáculo d' "As Marias" nos teatros, com o concurso "Arena da Mentira" no Canal Q e ainda o espetáculo "Três é Demais" com o Luís Filipe Borges e o Marco Horácio. O dia é sempre muito agitado?

Sim, felizmente pelo trabalho que vou tendo, infelizmente porque é menos tempo que passo em casa com as minhas filhas. Porque a minha vida é dividida entre o trabalho e casa. Não sou gajo de andar nos copos, a única exigência que eu faço é ir ver o Benfica (risos). Mas felizmente tenho tido muito trabalho.

Outra aventura é o programa "5 para a Meia-Noite", onde vai colaborando.

Já estou há 6 ou 7 anos no "5 para a Meia-Noite", com o qual continuo a colaborar. Mas há outros projetos como o "Arena da Mentira", concurso no Canal Q que já acabei de gravar e é muito divertido. Acho que é o melhor concurso televisivo neste momento, ou pelo menos o mais parvo. E quem sabe poderá surgir em breve um outro projeto. Igualmente no meu registo, ou seja, muito estranho, que vai ser muito bom ou muito mau ou tão mau que é bom.

A primeira plataforma que lhe eu visibilidade foi o "5 para a Meia-Noite". O programa começou na RTP2 e passou para a RTP1. Essa transição e a visibilidade resultante foram importantes?

Sim. Era um programa de nicho na RTP2, e quando foi para a rtp1 ganhou outra dimensão. Mantivemos o mesmo registo apesar da transição. Acho que é daqueles registos que se for bem trabalho e bem defendido pode durar ainda bastantes anos na televisão portuguesa. Mas houve outro programa que acabou por me projetar, que é o "Dança com as Estrelas". Levou-me a outro tipo de pessoas que não conheciam o meu trabalho e passaram a conhecer. Estou muito grato por ter participado embora nunca mais na vida vá dançar.

Seria interessante existir hoje um programa só de stand-up comedy como aconteceu com o "Levanta-te e Ri?"

Acho que sim e, muitas vezes, fala-se disso. Temos muita malta nova a fazer comédia stand-up. Agora é a altura ideal para aparecer um programa desses, Quando apareceu o "Levanta-te e Ri" havia muitos valores, mas era gente que praticamente só atuava na televisão porque eram poucos os sítios para fazer espetáculos de stand-up. Agora com tanta malta a fazer stand-up era interessante apostar nisso. É uma falha das televisões. Às tantas, para se apostar nesse formato, só com um 760 à mistura para a malta ganhar prémios em cartão.

O "Levanta-te e Ri? abriu, ainda assim, muitas portas no stand-up comedy.

Sim. É engraçado que comecei a fazer stand-up quando terminou o programa. Tive um azar do caraças. Tanto que a minha primeira atuação em televisão foi no "Sempre em Pé", na RTP2, um formato parecido, mas sem a mesma dimensão do programa da SIC. O "Levanta-te e Ri" deu sobretudo a conhecer a comédia stand-up. Há muita malta que eu via nesse programa e com quem hoje trabalho, bebo copos, com quem partilhei já a cama… mas no bom sentido (risos).

Há pouco tempo comentou que brincar com o futebol é especialmente propício a ferir susceptibilidades. A mentalidade em Portugal no que toca a adeptos do futebol é complicada?

Acho que não acontece só cá. Mas as únicas vezes que fui ameaçado a sério foi por brincadeiras relacionadas com o futebol. Eu escrevia artigos muito parvos para a revista "Maxmen" e houve uma altura em que resolvi escrever três artigos: um sobre o que é ser benfiquista, outro sobre o que é ser sportinguista e um terceiro sobre o que é ser portista. Em resposta ao artigo benfiquista não recebi nada, no que toca ao artigo sportinguista recebi uma ou outra coisa e no caso do portista recebi muitas ameaças. A todas as pessoas que me escreveram eu expliquei que aquilo era humor, pelo que estava obviamente a exagerar e tinha feito o mesmo com os três clubes.

Respondeu pessoalmente?

Sim, e é engraçado que depois de eu enviar estas cartas a maior parte das pessoas respondeu-me, até houve uma que pediu desculpas e acabou por me dar os parabéns pelo texto, dizendo que estava muito engraçado. Ou seja, refilou comigo mas afinal até tinha gostado. Muitas vezes as pessoas até gostam, mas estão mais habituadas a sentirem-se indignadas. Com medo de se rirem das coisas, preferem indignar-se logo desde início.

Tiago Carvalho (texto) e Hugo Rafael (Rádio Condestável)
 
 
Edição Digital - (Clicar e ler)
 
 
qualifica2016
Unesco.jpg LogoIPCB.png

logo_ipl.jpg

IPG_B.jpg logo_ipportalegre.jpg logo_ubi_vprincipal.jpg evora-final.jpg ipseutubal IPC-PRETO