Quatro rodas
Os carros conectados
Recebo todos os meses a
revista ACP. Leio normalmente o editorial e retenho um ou outro
artigo que acho interessante.
Desta vez fixei-me nos aprazíveis
cruzeiros de férias e num título enigmático que aproveitei também
para esta crónica," os carros conectados". Se é verdade que o
design dos carros nos últimos anos não tem evoluído muito, é na
tecnologia, algo escondida, que a indústria automóvel tem feito
evoluir as suas criações.
Surge agora este conceito de carro
conectado, cheio desta tecnologia escondia. Não tinha até agora
ouvido esta designação por isso tentei perceber se era ou não uma
designação já absorvida pela industria.
Tal como o comum dos mortais fiz uma
pesquisa, no Google e qual é o meu espanto quando a própria
wikipédia já tem uma descrição daquilo que poderá ser um carro
conectado.
Comparando os conceitos da wikipédia
com as do artigo da revista ACP há algumas diferenças, no entanto
tudo se resume a colocar um olho do "big brother" no carro de cada
um.
Não será propriamente um olho, mas
uma completa gama de sensores e intercomunicadores, que, para além
de estarem ligados ao painel de controlo do carro, estão conectados
em tempo real, ou por alarmística, a uma central de inteligência,
que consegue interpretar estes dados, e acionar medidas. Podem ser
avisos, "check questions" ao condutor em caso de acidente provável,
informações sobre proximidade de oficinas e por aí fora, numa
panóplia infindável de serviços inovadores.
Pura tecnologia ao serviço dos
clientes, mas que tem como contra o facto de deixarmos a nossa
privacidade, no armário da garagem. Passaremos a ser monitorizados
onde quer que estejamos, impossibilitados de prevenir a utilização
desses dados pessoais, porque pelos exemplos que vamos conhecendo a
sua segurança é uma utopia.
Resta saber se no futuro haverá
espaço para os carros não conectados, se existirá a possibilidade
das pessoas darem um passeio pela nacional 222 sem que uma qualquer
central de inteligência, dispare para o painel de comando, por
volta do meio-dia, sugestões para o almoço.
Já será bom se não nos obrigarem a
colocar dispositivos de conectividade nos nossos carros clássicos,
tantas são as restrições que os ameaçam. Vamos pois ver se
conseguimos ficar livres do controlo deste "big brother" do século
XXI.
Segurança monitorizada ou liberdade de movimentação? Se cada um
puder escolher já não é mau…
Paulo Almeida
Este texto não segue a nova ortografia
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