Primeira coluna
O último fecha a porta…
A estratégia não é nova. A demografia, a
diminuição de candidatos ao ensino superior (no último concurso
houve uma ligeira inversão, que no entanto dificilmente se manterá)
e o facto de uma grande maioria dos jovens que terminaram o ensino
secundário não prosseguir estudos, faz com que universidades e
politécnicos procurem novos públicos.
Muitas instituições de ensino superior seguem essa política há já
alguns anos, no sentido de captar alunos internacionais, seja para
o primeiro ciclo ou para as pós-graduações como mestrados e
doutoramentos. A lusofonia tem sido a grande aposta, com o Brasil e
os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop's) a
merecerem especial atenção. Também a China, através de Macau, é
vista como uma oportunidade.
O caminho, como comecei por referir, não é novo, mas veio novamente
à agenda mediática devido às declarações do Ministro da Ciência e
do Ensino Superior. Manuel Heitor lembrou que "acolher estudantes
estrangeiros é importante para o desenvolvimento científico e
académico português". Mas mais do que isso pode ser um modo de
sobrevivência de algumas instituições. Sobretudo para aquelas que
no interior do país sofrem a bom sofrer a quebra da natalidade e a
desertificação. A captação de estudantes internacionais tem
merecido especial atenção das universidades e politécnicos. Há já
muitos anos que o Ensino Magazine percebeu essa oportunidade,
alargando a sua área de intervenção nos Palop's, no Brasil e em
Macau, com a distribuição da nossa publicação e a elaboração de
acordos de parceria. Afinal o caminho não poderia ser outro. Em boa
hora o fizemos, abrindo também portas à relação institucional entre
as universidades e politécnicos desses países e os de cá.
Todas estas são questões complexas, exigem coragem política (para
já o Governo anunciou a diminuição de vagas no
1º ciclo de formação superior em
Lisboa e no Porto) e capacidade de intervenção dos presidentes dos
politécnicos e dos reitores das universidades. Para além de captar
alunos lá fora, importa dizer aos jovens portugueses que acabam o
ensino secundário que o ensino superior é o melhor caminho para um
futuro melhor, com vencimentos superiores e oportunidades
acrescidas. Também aqui o Ensino Magazine estará na linha da frente
dessa causa, que deve ser vista como decisiva para o
desenvolvimento do país e para o futuro de todos. Não nos
conformamos com a ideia de que há licenciados, mestres ou doutores
a mais. Isso é falso e quem pensa desse modo, fá-lo por pequenez e
por pensar que já chega. Tal como no futebol, em que temos o melhor
do mundo, também na ciência e na educação temos dos melhores, o que
demonstra a nossa capacidade de nos superarmos. Chegou a hora de
mudar de paradigma e dizer a todos que hoje não há desculpas para
não se prosseguir estudos. Há capacidade instalada. Boas escolas.
Bons professores. E, acima de tudo, um país a necessitar de mais
qualificação para que no final da história ninguém tenha que fechar
a porta…