Mónica Ferraz em entrevista
“É no palco que mais gosto de estar”
Mónica Ferraz está de volta aos palcos, para
promover o novo álbum, «Love». O segundo álbum a solo da
ex-vocalista dos Mesa retrata as vivências proporcionadas por uma
grande digressão nacional e pela maternidade.
A edição do novo «Love»
culminou um ano em cheio.
Foi um ano extremamente positivo.
Eu vinha de uma digressão muito intensa. Foi durante esta tour que
nasceu o «Love». Foi um ano cheio de concertos, fui mãe e editei o
meu disco.
Agora tem percorrido o país
a divulgar este sucessor do seu disco de estreia. É uma digressão
com datas de norte a sul do país?
Espero que sim. Espero que corra
tão bem ou melhor do que correu a digressão do «Start Stop». A
recetividade desse primeiro disco a solo foi muito boa. Houve salas
cheias pelo pais fora, toda a gente a cantar as minhas músicas.
Sentiu maiores
responsabilidades neste segundo álbum?
Costuma dizer-se que o segundo
disco é sempre um bocadinho mais difícil do que o primeiro. Criámos
um público que nos aceitou e que tem expetativas do que fazemos -
isso acrescenta algum peso. Ainda assim não sou pessoa de me
preocupar muito com isso. Até por isso, este disco demorou algum
tempo a sair. Gosto de ter tempo para fazer as coisas. Fui compondo
durante a digressão e este é o resultado das várias vivências e
experiências que tive nesse período. É um disco bem relaxado, com
mais maturidade e maior experiência pessoal e musical.
A produção do álbum tem a
assinatura de André Indiana, tal como aconteceu no disco de
estreia. Mas a Mónica participa na composição e nas letras. Criar
este trabalho foi uma aventura interessante?
O primeiro disco é todo escrito por
mim, letra e música, com o André a fazer a produção. Neste disco
continuei como compositora e letrista, mas tive o apoio do André
nessa área. Era impossível não ir buscar o André, porque é um
produtor e músico brilhante. Encaixamos muito bem na realização de
discos e essa cumplicidade é necessária num estúdio.
O álbum é contagiante, com
ritmos bastante diversificados: jazz, rock, música eletrónica, funk
e também uma grande balada. A digressão foi importante na
inspiração para esta variedade de ritmos?
Este disco é um bocadinho o reflexo
de tudo aquilo de que eu gosto, aquilo que ouço e as minhas
vivências. Comecei por cantar jazz, portanto esse é um pilar no meu
percurso musical. Depois, ouço funk, soul música eletrónica. É pôr
tudo num "shaker" e misturar à minha maneira. Curioso é que as
pessoas já identificam o meu som. As minhas músicas não passam
despercebidas porque já há uma identidade. Se calhar tudo passa
pela forma como coloco aquilo de que gosto nos meus temas.
Há planos para edição de um
novo single?
Não consigo estar quieta, portanto,
tenho de estar sempre fazer coisas novas. Acho que é importante dar
a conhecer o meu trabalho. No início foi bastante difícil chegar às
pessoas, porque muitas pensavam que era o trabalho de uma
americana. Achavam que era uma americana a cantar. Neste momento
quero pegar nas minhas músicas e dar a conhecê-las ao máximo. Se
pudesse ter 4 ou 5 singles a rodar nas rádios, fazia isso.
Este álbum tem o selo de
uma multinacional. Vai ser editado no mercado discográfico
internacional?
Há essa possibilidade. Ainda
estamos em negociações, mas espero que este trabalho chegue bem
longe. Neste momento estou mais focada em dar a conhecer o trabalho
no meu país. Ainda não passei por todo o lado e há muita gente que
ainda não conhece as músicas. Quero primeiro conquistar o meu país
e, depois, preocupar-me com o mercado internacional.
A Mónica participou numa
versão de "Sorri Sou Rei", um tema bem conhecido do grupo
brasileiro Natiruts. Há algum tema de que gostasse de fazer uma
gravação?
Talvez. Por exemplo, gosto bastante
do Ed Motta. Acho-o um artista brilhante, que também tem o seu lado
jazz, soul e funk. Se calhar era interessante pegar num artista
brasileiro e transportá-lo para as minhas criações.
Nos últimos tempos a musica
eletrónica tem ganho muito terreno no mercado mundial. Se fosse
convidada por um DJ de dimensão mundial para uma colaboração,
aceitaria o desafio?
Acho interessante, até porque gosto
muito de música eletrónica. Tenho um apontamento ou outro de
eletrónica no meu disco, normalmente da minha autoria. Há duas ou
três músicas no meu disco que poderiam ficar bastante interessantes
se um DJ as remisturasse e as levasse para as grandes pistas.
Muita vontade de mostrar as
novas músicas ao vivo?
Costumo intitular-me um "bichinho
de palco". Sou bastante tímida. Por exemplo, esta conversa é para
mim mais difícil do que estar num palco (risos). Eu estou mesmo bem
é num palco. Aí não há vergonha, não há timidez - só a música. É no
palco que mais gosto de estar.