Universidade

A Universidade de Évora tem definida a sua estratégia para o futuro. Em entrevista ao Ensino Magazine, a reitora da instituição, Ana Costa Freitas, fala do plano estratégico da universidade e daquilo que preconiza para o futuro. No entender daquela responsável é "importante focar a universidade naquilo que é a sua essência, de forma a ser reconhecida nas áreas em que é boa e em que tem condições para se afirmar nos contextos nacional e internacional".

Ana Costa Freitas sublinha que essas áreas passam "pelas ciências agrárias e ambiente; património material e imaterial, e humano; ciências da saúde; as energias renováveis; e as TIC, devem ser transversais a toda a universidade". A reitora adianta que os títulos "não estão fechados, mas estão centrados naquelas áreas, as quais na minha perspetiva estão cruzadas umas com as outras".

No entender de Ana Costa Freitas, "só desta forma conseguiremos ganhar competitividade interna para competir externamente. Desta forma contribuiremos também para valorizar a região e o país".

Reitora Ana Costa Freitas.JPG A reitora diz que no futuro a aeronáutica poderá vir a ser uma das áreas âncora da UE, mas neste momento "a universidade não tem pessoas que trabalhem exclusivamente nisso". E esclarece: "nós estamos muito alinhados naquilo que são as necessidades da região e com a estratégia de especialização inteligente para o Alentejo. O objetivo é que daqui a seis anos sejamos reconhecidos por essas áreas que consideramos estratégicas".

Ana Costa Freitas concorda com o ex-ministro da Educação, David Justino, o qual defende a especialização das instituições de ensino, sobretudo as do interior. "Nós não temos dimensão para nos podermos afirmar isoladamente em determinadas áreas. Portanto, é importante que nos especializemos nas áreas em que podemos ser líderes, e nas outras temos que ganhar mais peso e fazer acordos com outras instituições e entrar em redes internacionais".

A reitora da única universidade da NUT II, fala da boa relação que existe entre Évora e os politécnicos de Portalegre e de Beja. "Vamos enviar uma proposta de protocolo aos dois politécnicos para que possamos ter uma maior articulação entre as três instituições, para nos agilizarmos no que respeita aos fundos regionais, e para que possamos rentabilizar recursos. Tudo isto nos fará ganhar escala".

Ana Costa Freitas fala também da "Rede Regional de Transferência de Tecnologia, financiada pelo último QCA, a qual une as três instituições. Temos vindo a fazer reuniões nos vários nós da rede, e iremos colocar online as ferramentas e capacidade instalada, que pode vir a ser utilizada pela região".

O Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo, cujo polo principal está em Évora, e que tem neste momento 33 empresas associadas, duas das quais de grande dimensão, é também salientado pela reitora da UE. "Isto insere-se numa estratégia de criação de emprego qualificado e fixação de pessoas na região. E portanto se queremos ter maior atratividade, temos que garantir aos diplomados que formamos que podemos fixá-los na região".

Numa outra perspetiva, a reitora recorda o mestrado em enfermagem, o qual envolve não só os politécnicos de Portalegre e Beja, mas também os de Castelo Branco e Setúbal, e que será lançado para o próximo ano.

A UE "tem também ligações com a universidade da Extremadura (onde vão existir cursos de dupla titulação, e onde se irá desenvolver projetos para fundos transfronteiriços). Temos que identificar aquilo em que nos podemos complementar". Ana Costa Freitas diz que a Universidade de Évora está também empenhada em criar um consórcio com as universidades do Algarve e Nova de Lisboa, para desenvolver uma oferta conjunta destinada aos países do magrebe.

No entender de Ana Costa Freitas, é importante que as "instituições ganhem escala. Por isso a existência deste tipo de consórcios resulta da necessidade que sentimos (as instituições) de ganhar dimensão, e da oportunidade que a internet nos oferece no que respeita à circulação da comunicação. Isso permite abrir-nos ao mundo. Primeiro apostando em Portugal, depois internacionalizando-nos". A reitora acrescenta que "esta questão não é uma imposição, mas sim uma evolução natural daquilo que se está a passar no mundo".

Ana Costa Freitas recorda que na área da internacionalização a Universidade de Évora tem feito o seu caminho. "Nós estamos incluídos num centro de investigação do Instituto Europeu de Tecnologia, que abriu novas escolas para a saúde e envelhecimento, e temos como parceiros a Universidade de Lisboa, entre outras instituições. A instituição líder deste grupo é alemã, e esta nossa participação abre-nos uma perspetiva de concorrer a projetos do horizonte 2020 em consórcio. Por outro lado, neste Quadro Comunitário de Apoio a Universidade de Évora também concorreu em consórcio, que envolve outras universidades portuguesas. Para além destes projetos de cariz internacional, existem todos os outros projetos que partem dos nossos investigadores. Esta é uma dinâmica que faz parte da história da universidade".

No que respeita à oferta formativa, a reitora da Universidade de Évora diz que não haverá novidades, mas rejeita a diminuição no número de ofertas ao nível do 1º ciclo de formação. "Se houver cursos que não possam abrir devido por falta de alunos, é importante que tenhamos cursos em carteira para que possam avançar. Reduzir o número de cursos não me parece uma boa opção, até pela responsabilidade que temos para com a região".

Já no que respeita aos mestrados e doutoramentos, Ana Costa Freitas tem uma posição diferente: "aí devemos ter formações muito fortes. Devemos focar a nossa oferta formativa, tendo em atenção a região e aquilo que os alunos querem. Não é ideal termos cursos com muito poucos alunos. Mas isto tem que resultar de um compromisso entre aquilo que a reitoria deseja e o que é a posição das escolas, que têm autonomia pedagógica e científica".



 
 
 
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