Editorial
Sobre a qualidade na educação
Por toda a Europa se manifestam
evoluções significativas quanto ao conteúdo a dar ao termo
"qualidade em educação". Todos os sistemas educativos tentam
desenvolver procedimentos de qualidade, promover a qualidade de
formação do seu corpo docente, fazer com que a educação e a
formação sejam contínuas, isto é, ao longo da vida, bem como
requalificar os gastos públicos com a educação, através de uma
relação mais positiva entre custos e eficácia.
Os diferentes relatórios sobre a educação e a formação, publicados
pela União Europeia, têm vindo, cada vez mais, a colocar no centro
do debate educativo todas estas matérias, que emergem com a
necessidade de promover, definir, avaliar e manter a qualidade dos
sistemas educativos e a qualificação dos jovens, para que enfrentem
com sucesso os desafios da globalização.
A procura dessa qualidade tem sido vista, nos primeiros anos da
educação básica, como a tentativa de imprimir um novo destaque à
aquisição e controlo de competências básicas, em particular
referentes a três matérias fundamentais: a leitura, a escrita e o
cálculo. Por outro lado, tenta-se, nesse nível, generalizar a
aprendizagem de uma língua estrangeira e incentivar a iniciação às
tecnologias da informação.
Neste espírito, dentro e fora do sistema educativo institucional,
professores e formadores desenvolvem experiências muito inovadoras
e que podem resultar em saltos qualitativos significativos na
educação formal. Sobretudo as que vão mais além, com o
desenvolvimento de projectos educativos integradores e com um forte
realce na educação social, para e pelos valores.
Também no que respeita aos adultos se desenvolvem acções
inovadoras, como as realizadas pelas Universidades Populares, da
Terceira Idade, Séniores, ou mesmo as Outdoor Education,
desenvolvidas entre os Britânicos, nas últimas décadas do passado
século. No essencial todas estas inovações propõem exercícios, ou
práticas, que transformam os procedimentos e conteúdos da formação
contínua tradicional, buscando a adaptação e reformulação de
comportamentos num mundo em mudança exponencial, muito mais do que
a aquisição de conhecimentos abstractos e desligados do quotidiano
em que têm que aprender a viver esses jovens e esses adultos.
Todas estas experiências põem em evidência que, no seio dos velhos
sistemas educativos europeus, ainda existe uma capacidade criativa
real entre os professores e os educadores, os quais só esperam
condições de tranquilidade profissional para os generalizar às suas
práticas educativas.
Há entre professores e educadores mais forças de mudança do que de
imobilismo e de estagnação. As primeiras são incomensuravelmente
mais fortes, e delas depende o futuro educativo dos nossos
jovens.
Mas não é criando artificiais quadros de inesgotável polémica, em
que, convenhamos, os responsáveis são múltiplos e com diferentes
responsabilidades, que se podem envolver neste esforço todas as
forças e capacidades do profissionalismo dos docentes. Até porque,
sabemos bem, não nos ocorre que se possam traçar cenários de futuro
sem o voluntarismo dos principais protagonistas desta viagem.