Garantem investigadores de Aveiro
Amêijoa asiática limpa águas
As amêijoas asiáticas conseguem limpar
as águas poluídas pela indústria de produção de azeite, garante
Joana Pereira, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do
Mara (CESAM), uma das unidades de investigação da Universidade de
Aveiro.
"Sabemos que as amêijoas
asiáticas conseguem remover metais e compostos orgânicos
recalcitrantes, ou seja, não biodegradáveis ou de difícil
biodegradação, como os que se encontram nos efluentes da indústria
de produção do azeite", refere
A cientista responsável
pelo estudo sublinha também a capacidade destes bivalves em
"remover matéria orgânica no geral, bem como de remover bactérias e
vírus potencialmente patogénicos se integradas em determinadas
fases dos processos de tratamento de água".
No que à indústria do
azeite diz respeito, "sabe-se que, todos os anos, a quantidade
média de efluentes provenientes da indústria do azeite pelos países
mediterrâneos [Espanha, Itália, Portugal e Grécia] equivale a cerca
de 30 milhões de toneladas" e que "o impacto ambiental de 1 metro
cúbico desses efluentes equivale ao impacto de 200 metros cúbicos
de efluentes domésticos".
Ainda em fase
experimental nos laboratórios do Departamento de Biologia, a
utilização das amêijoas asiáticas adivinha-se como um apoio aos
métodos de tratamento de água já existentes, podendo ser integradas
em etapas do processo de tratamento de águas residuais em ETAR.
Teoricamente, aponta Joana Pereira, a amêijoa asiática pode ser
utilizada "em todos os cenários em que haja uma matriz aquática a
tratar, em que seja necessário remover contaminantes compatíveis
com a tolerância e capacidade de processamento da amêijoa".
Para além de Joana Pereira, o trabalho publicado no Journal of
Cleaner Production é assinado por Ana Domingues, Inês Correia Rosa,
João Pinto da Costa, Teresa Rocha-Santos, Fernando Gonçalves e Ruth
Pereira numa pareceria entre o CESAM, os departamentos de Biologia
e de Química da UA e a Universidade do Porto.