UTAD analisa alternativas
Pão de Bolota e de Urtiga
Rita Beltrão Martins, estudante de
doutoramento na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD)
está a desenvolver estudos com farinhas de bolota e de urtiga, em
receitas de pão sem glúten, para celíacos. Ana Barros, do CITAB, da
UTAD, e Anabela Raymundo, do LEAF, do Instituto Superior de
Agronomia (ISA) são as orientadoras deste trabalho.
A relevância da Economia Circular,
juntamente com a importância de desenvolver receitas inovadoras de
pão sem glúten, levou Rita Beltrão Martins a explorar a recuperação
do uso da bolota de azinheira (Quercus rotundifolia) e de outras
matérias primas pouco exploradas na alimentação humana, como as
urtigas. A farinha de bolota, "naturalmente isenta de glúten", foi
estudada no sentido de "analisar a capacidade para produzir pão com
características nutricionais benéficas para celíacos, mas também
com atributos positivos em sabor, cor, aroma e textura", explica a
estudante.
Ana Barros, docente da UTAD e
Diretora do CITAB, reforça a ideia já que a "Economia Circular e a
produção sustentável de alimentos são uma das principais tendências
de mercado" tendo levado a procurar novas soluções, como a
"utilização de matérias primas pouco exploradas na alimentação
humana".
Apesar de fazer pão sem glúten ser
"um desafio tecnológico, este tipo de farinhas tem apresentado
resultados positivos tanto ao nível das características
nutricionais, como na melhoria da qualidade organoléptica deste
tipo de pão", refere Anabela Raymundo, docente do ISA e membro do
LEAF.
Os resultados até agora obtidos
foram "muito positivos", aos níveis da análise sensorial e
nutricional, incluindo "elevadas concentrações de compostos
bioativos - substâncias com efeitos positivos na saúde - e elevada
capacidade antioxidante". Trata-se por isso de um ingrediente com
"elevado potencial nutricional e com diversos benefícios para a
saúde", salientam as orientadoras deste estudo.
Também a urtiga (Urtica dioica),
tradicionalmente usada como planta medicinal, apresenta diversas
"qualidades funcionais" e tem igualmente "elevado teor em ácidos
gordos, carotenoides e compostos fenólicos, sendo um alimento rico
em vitamina A, vitamina C, cálcio, ferro e sódio, com elevado teor
de fibra, de proteína, em cálcio e ferro". Esta farinha revela-se
assim "um ingrediente com grande potencial a ser integrado nas
receitas de pão com e sem glúten", referem as investigadoras.
Após os estudos realizados,
pretende-se agora que estas farinhas "sejam utilizadas também em
pães convencionais com glúten, dirigidos aos consumidores em geral,
através da mistura com farinhas de trigo, de centeio, de alfarroba,
entre outras, mantendo igualmente benefícios para a saúde", conclui
Rita Beltrão Martins.
A farinha de bolota foi apresentada
ao mercado em 2013 pela empresa Terrius, da qual a estudante é
sócia, tendo recebido o prémio Inovação na SIAL de Paris, em
2014.