Crato recua, reitores dizem que não chega
O Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP)
entende que a "nova posição do Governo" em relação aos cortes
orçamentais para 2013 nestas instituições "só responde parcialmente
às questões" por elas levantadas.
Reunido, ao final da tarde do dia 16 de novembro, na sede da
Fundação das Universidades Portuguesas (FUP), em Coimbra, o CRUP
considera que a garantia, dada pelo Governo, de "um reforço da
dotação" para as universidades, em 2013, só "permite cobrir os
acréscimos de encargos com a Caixa Geral de Aposentações e os
sistemas de segurança social".
Mas sem resolver "a situação provocada pela insuficiente
reposição das verbas correspondentes ao subsídio de natal", adverte
o comunicado do CRUP, lido, no final da reunião, pelo seu
presidente, António Rendas.
O CRUP "aguarda um cabal esclarecimento sobre o detalhe da
solução proposta pelo Governo", durante uma reunião, na
quinta-feira, do ministro da Educação e Ciência (MEC),
Nuno Crato, com os reitores das universidades públicas
portuguesas e em que também participaram os secretários de Estado
do Orçamento e do Ensino Superior.
Nesse encontro, solicitado pelo MEC, "foi dada uma garantia de
que haveria um reforço da dotação prevista" para o próximo ano e
que "este complemento, ainda que não cobrisse integralmente a
redução inicialmente proposta, permitiria reequilibrar os
orçamentos das universidades e garantir o seu funcionamento em
2013", afirma o CRUP.
Disponível para "participar na solução", o CRUP sustenta que
essa solução "não pode deixar de ter por referência a perda global
orçamental das universidades proposta, que atinge 56,8 milhões de
euros", adianta a mesma nota.
A proposta de Orçamento do Estado para 2013 previa um
"agravamento adicional do quadro orçamental" com uma "redução
efetiva média" de 9,4% sobre as transferências realizadas em
2012.
Sobre as questões relacionadas com a ação social escolar, os
reitores, "após discussão conjunta com os representantes das
associações académicas", manifestam a sua "preocupação sobre a
abrangência e a eficácia do sistema, assegurando que todas as
universidades públicas continuarão empenhadas em assegurar as
condições para que todos os estudantes possam efetuar, com êxito,
os seus estudos superiores".
Reforçando, "mais uma vez", que a situação financeira das
universidades "assume contornos de elevada gravidade", o Conselho
de Reitores recorda que o financiamento destes estabelecimentos de
ensino "foi já reduzido de 144 milhões de euros entre 2005 e
2012".
Instado pelos jornalistas, após a reunião, o presidente do CRUP,
que também é reitor da Universidade Nova de Lisboa, considerou que
a proposta do Governo "é um passo importante" para resolver o
problema orçamental das universidades públicas portuguesas.
O facto de o Governo se ter "empenhado, em conjunto com a
Assembleia da República, para resolver as questões" orçamentais das
universidades é um passo extremamente importante" e hoje "estamos
melhor do que há dois dias", mas "queremos ter condições para
executar as nossas funções", salientou António Rendas.
Algumas dezenas de estudantes concentraram-se em frente à sede
do CRUP, na Alta de Coimbra, quando decorria a reunião do CRUP,
exibindo faixas de pano, uma daqs quais afirmando "contra a
privatização da saúde e da educação".