Aumento da abstenção e de extremismos
Os medos da Europa
A União Europeia está preocupada com o crescente
afastamento dos cidadãos relativamente à política, que se reflete
no progressivo aumento dos índices de abstenção nas urnas na hora
de votar. Paralelamente, o recrudescimento dos extremismos no seio
da união deixa os responsáveis europeus à beira de um ataque de
nervos.
Segundo dados fornecidos na passada
semana no decorrer de uma visita a instâncias europeias, promovida
pelos Centros Europ Direct da Cova da Beira e da Beira Interior
Sul, em que o Ensino Magazine participou a convite deste último, o
número de votantes nas eleições para o Parlamento Europeu tem
decrescido a olhos vistos: 62,4% em 1979 para 43,2% em 2009 em todo
o espaço da união. Atendendo-se apenas aos valores registados em
Portugal, esta distância é ainda maior (72,2% de votantes em 1987
para apenas 36,8% em 2009).
Já as últimas sondagens conhecidas
em França dão a provável liderança no próximo escrutínio de 2014
(no mês de maio) à Frente Nacional de Marine Le Pen, o que só por
si justifica todos os medos. Mas não é só a extrema-direita que
está a subir nas sondagens, acontece o mesmo com outros partidos
que se têm manifestado contra a União Europeia.
O deputado europeu Carlos Coelho
(PSD) que recebeu a comitiva no Parlamento Europeu deu conta disso
mesmo na reunião que manteve com a comitiva beirã, sublinhando que
"esta Europa construiu-se pela Paz e tendo em conta os 55 milhões
de mortos na II Guerra Mundial, é hoje um espaço de liberdade,
democracia, segurança e justiça".
Consciente de que "a cidadania não
se apregoa, a cidadania vive-se", este responsável confirmou os
receios que já tinham ficado evidenciados nas reuniões efetuadas
com responsáveis de diferentes setores, adiantando que "há de facto
problemas ao nível da representatividade e da legitimidade
democrática, sendo que as chamadas forças anti-europeias estão a
ganhar terreno, o que é altamente preocupante".
Já o deputado Costa Neves (PSD)
referiu na mesma ocasião que "a presença, a atenção e o trabalho
nas instâncias europeias são essenciais, dado que as distrações são
muitas vezes fatais nas negociações com os restantes estados
membros (atualmente 28)". Sobre os medos que afetam a UE nos dias
que correm, a meio ano de mais umas Eleições Europeias, este
elemento da comitiva deu conta de que "o preço da não Europa é um
preço terrível, o preço do não Euro é um preço terrível, pelo que,
para mim, a Europa está num ponto de não retorno porque a cidadania
e a democracia não o permitem e é preciso que as forças
democráticas vão tão longe quanto possam na defesa destes
valores".