Cultura

Gente e livros
Jean Giono

Giono.jpg«Para se ter uma ideia mais ou menos exata do seu caráter excecional é preciso não esquecer que se manifestava numa solidão total; tão total que, para o final da vida, tinha perdido o hábito de falar. Ou poderia apenas não ver nisso necessidade?

Em 1933, recebeu a visita de um guarda-florestal muito peculiar o funcionário intimou-o a não fazer lume fora de casa, por poder pôr em perigo o crescimento daquela floresta natural. Era a primeira vez, disse-lhe esse homem ingénuo, que se via uma floresta crescer sozinha.

Nessa altura, ele ia plantar faias a doze quilómetros de casa. Para evitar as idas e vindas - uma vez que já tinha setenta e cinco anos - estava a pensar construir uma cabana de pedra junto ao local das plantações. Foi o que fez no ano seguinte.»

In O Homem que Plantava Árvores

Jean Giono nasceu a 30 de Março de 1895, em Manosque, França. Filho único de um sapateiro anarquista, que lia a bíblia, e de uma lavadeira, viveu sempre ligado à zona de Provençe e a Manosque.

Considerado como um dos grandes escritores da sua geração, a sua produção literária está repartida por mais de 30 romances, ensaios, poesia, peças de teatro e traduções.

Deixou a escola cedo, e em 1911 começou a trabalhar como funcionário de um banco. Foi um autodidata com paixão pelos clássicos. Leu Homero, Virgílio, Dante, Cervantes, Shakespeare, Baudelaire, Stendhal, Flaubert.

Em 1915, foi chamado a combater na primeira Guerra Mundial. Viu o melhor amigo e muitos camaradas morrerem a seu lado. A terrível experiência da guerra marcou-o a ferro e fogo e determinou-lhe a atitude pacifista que o acompanharia por toda a vida. O Grande Rebanho (1931) é uma das obras onde deixa bem expresso todo o horror da guerra.

Durante a Segunda Guerra Mundial, esteve preso duas vezes, em França, por se opor pacificamente à guerra. Objetor de Consciência (1937) é desse período.

A condição humana, a moral, a responsabilidade do homem pelo lugar e tempo em que vive são algumas das preocupações que expressa nos seus livros.

Foi galardoado com o Prix Bretano, o Prix de Monaco (pela totalidade da obra), a Légion d`Honneur. Também foi membro da Académie Goncourt.

Publicou o que chamou de "crônica", que incluíam os títulos: A Roi sans Divertissement (1947), Les Grands Chamins (1951), Le Moulin de Pologne (1952), Ennemonde (1968) e L'Iris de Sucessão (1970).

O Homem que Plantava Árvores foi escrito por volta de 1953. Em Portugal, está publicado pela editora Marcador.

Jean Giono morreu a 9 de outubro de 1970, na cidade onde nasceu.

Sobre ele, disse André Malraux «Um dos maiores escritores da nossa geração».

O Homem que Plantava Árvores.

Inspirado em acontecimentos verídicos, este livro conta a história de Elzéard Bouffier, um homem de caracter excecional, um pastor solitário que, sem esperar nada em troca, plantou milhares de árvores numa região inóspita de França. Longe da sociedade, movido apenas pela generosidade e o amor à Natureza, ofereceu uma grandiosa floresta às gerações seguintes.

Eugénia Sousa
 
 
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