Entrevista

Fátima Lopes, apresentadora e escritora
«Escrever é algo muito sério na minha vida»

FL.jpgUma recente votação elegeu-a a apresentadora mais popular do país. Não admira. Há quase 20 anos que é companhia diária dos portugueses. Os livros são a última faceta que explorou com inegável sucesso. Fátima Lopes em discurso direto.

«Mães e filhas com história» é o seu quinto livro, abordando um dos temas que mais paixão lhe desperta, a maternidade.  Sabendo que os afetos e as emoções estão sempre presentes no que escreve, pode-se dizer que estes ingredientes são o combustível da sua vida?

Sem dúvida nenhuma. Sou incapaz de viver, de escrever, de apresentar sem mostrar as minhas emoções e sem deixar bem claro, o que é que cada situação significa para mim.

É uma comunicadora de sucesso, mas vende milhares de livros sempre que há um novo lançamento. Admite que um hóbi, como escrever, possa, um dia, ser uma profissão a tempo inteiro para si?

Acho que um dia que me retire da televisão ou que esta não me ocupe tanto tempo, vou dedicar-me muito mais à escrita. Adoro escrever, faço-o por prazer e por paixão e por isso é algo muito sério na minha vida.

Este livro envolveu aturada pesquisa visto se tratar de um romance histórico, sobre casos nacionais e estrangeiros. Das 10 mães e filhas com história, qual foi o caso que mais a tocou?

Este livro não é um romance, nem é uma ficção. Toda a pesquisa histórica, em que contei com a ajuda preciosa de uma investigadora, me permitiu ter em bruto, todas as informações que eu precisava para tentar perceber a relação de cada mãe com a respetiva filha. Eu fiz a minha interpretação dessa relação, mas a base é histórica.  A dupla que mais me impressionou foi a da D. Joana, "a louca" e D. Catarina de Áustria. Se lerem vão perceber facilmente porquê.

Confessou que a sua disciplina favorita na escola era Historia, inspirada pelos seus próprios pais, que liam muitos livros sobre esta temática. Pensa que os portugueses conhecem mal o seu passado?

Acho que não conhecem o suficiente, nem em quantidade nem em qualidade. Vale a pena debruçarmo-nos sobre o percurso apaixonante da nossa história.

Capa.jpgO seu livro, à semelhante dos anteriores, vai, certamente, figurar no top dos mais vendidos. Considera-se uma intrusa no meio de consagrados da literatura nacionais e internacionais?

Não me considero uma intrusa, porque o meu livro também foi escrito com empenho, entusiasmo, paixão e rigor, como o dos escritores consagrados.

Marcelo Rebelo de Sousa entrevistou-a no seu programa, «A Tarde é sua», sobre o lançamento do livro. Como é que viveu esse momento?

Com enorme felicidade. É um momento alto da minha carreira profissional e jamais esquecerei este gesto de amizade, carinho e de profundo reconhecimento profissional.

Está na TVI há 3 anos, após 16 anos na SIC, onde se tornou um dos principais símbolos do canal de Carnaxide. De líder das manhãs em Carnaxide passou a líder das tardes na TVI. Acha que o público sente-se mais atraído pelo carisma e popularidade da apresentadora ou pelas temáticas dos programas?

Os programas fazem os apresentadores e os apresentadores fazem os programas. Eu tenho-me mantido a mesma pessoa ao longo dos anos e sei que isso é extremamente importante para quem nos acompanha.

Em tempo de crise, o papel do entretenimento televisivo é fundamental. Com que responsabilidade encara o facto de ocupar o tempo, com assuntos úteis e de interesse, de pessoas idosas e para a «legião» de desempregados que perderam a sua ocupação?

Esse cuidado sempre existiu tanto da minha parte como da parte das equipas de que tenho feito parte. Não é a crise que nos está a fazer despertar. Somos uma equipa de gente com o coração no sítio certo, que sempre esteve atentado aos desequilíbrios e desigualdades da sociedade.

Licenciou-se em Comunicação Social pela Universidade Nova, em 1991. Esteve sempre ligada ao mundo da comunicação e da televisão. Sente-se uma privilegiada por fazer o que a sua vocação ditava? Como vê o fenómeno do desemprego de jovens diplomados dos cursos de caneta e papel, nomeadamente em Comunicação Social?

Sinto que tive aquela estrela divina a conduzir-me a este caminho. A partir dai, agarrei a oportunidade com unhas e dentes e tenho trabalhado sempre com muito empenho e afinco em todos os projetos. Os resultados que obtive até agora são fruto de gostar tanto de trabalhar e de ter paixão por aquilo que faço. Quanto aos jovens que acabam as licenciaturas e que ainda não chegou a sua vez, aconselho a não desistirem dos vossos sonhos e a agarrar todas as oportunidades que vão surgindo, mesmo que sejam em áreas que nada têm a ver.

Tem uma filha em idade adolescente. Como encara o papel de encarregada de educação na formação da Beatriz, no incutir de valores, regras e no aconselhamento do ramo vocacional a seguir nos estudos superiores?

O meu papel como mãe é fundamental na formação da sua personalidade e no incutir os valores que são mais importantes. Quanto ao ramo vocacional, espero que seja ela a escolher. Poderei ajuda-la a clarear ideias, mas a escolha terá de ser totalmente dela.

Nuno Dias da Silva
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