Quatro rodas
Onde começou a Formula 1
Bombardeados que somos nos "media" com coisas do
futebol, não é raro ouvir, referências às origens deste desporto
que domina a europa. Claro que se fala da Inglaterra, civilização
ainda hoje um pouco diferente, com usos e costumes nunca vistos nos
outros países europeus e que segundo rezam as crónicas foi o berço
do futebol.
Mas vamos lá falar de automóveis, e
ver como a crónica de hoje, liga com a Inglaterra, apesar de que
nas principais "milestones" do início da história do automóvel não
encontrarmos grandes referências a este país. Algo estranho para
aquele que foi o grande motor da revolução industrial. Senão
vejamos alguns exemplos: O primeiro veículo considerado como sendo
um automóvel foi do francês Nicolas-Joseph Cugnot, a primeira
patente automóvel foi o Benz Motorwagen do alemão Karl Benz, mais
tarde, é atribuída ao americano Henry Ford a primeira linha de
montagem automóvel.
Temos mesmo de voltar ao desporto
para que a Inglaterra entre de novo em jogo na história do
automóvel. Vamos por isso diretos ao dia 13 de maio de 1950, para o
circuito de Silverstone, uma pequena aldeia a poucos quilómetros da
cidade de Milton Keynes. Foi nesse sábado que ali se disputou a
primeira corrida de Formula A. Não é engano não, o primeiro nome do
mais famoso campeonato de velocidade foi mesmo este, mas por pouco
tempo. A agora conhecida Fórmula 1 teve a sua estreia nas terras de
sua majestade, o Rei George VI, que marcou presença acompanhado da
consorte Rainha Elizabeth, a princesa Margareth, e mais de 100.000
súbditos, que proporcionaram a moldura ideal para este grande
acontecimento.
Mas, se a organização foi britânica
a festa final foi inteiramente italiana, com a vitória de Giusepe
Farina (na foto) pilotando um Alfa Romeo 158. Nessa altura, a
europa estava a reerguer-se após o massacre que foi a II Guerra,
por isso eram usados os veiculos da pré guerra. A Fórmula 1 foi
então criada pela FIA (Federation Internationale de l'Automobile)
para harmonizar regras que pudessem colocar os competidores em
maior igualdade.
Este primeiro campeonato foi
composto por mais 5 grandes prémios, todos eles na europa, a saber:
Mónaco, Suíça, Bélgica, França e Itália. O facto de todos estes
grandes prémios serem na europa tornava o primeiro campeonato de
Fórmula 1, num campeonato europeu e não um campeonato mundial, como
desejava a FIA. Encontrou-se então uma solução, permitir que as
pontuações de uma corrida fora da europa contassem, de modo a
tornar o campeonato mundial, escolhendo-se então a mais conhecida
prova americana, as 500 Milhas de Indianápolis.
Esta escolha tinha, no entanto, um
contra, a regulamentação técnica americana era diferente da de
Fórmula 1, assim os pilotos que quisessem pontuar na américa,
tinham que correr em carros americanos, bem diferentes dos
europeus.
Vejam só, criou-se a Fórmula 1 para
harmonizar as regras, e depois "mete-se" uma prova no campeonato
com regras completamente diferentes... não vos parece um "déjà vu",
esta história de "martelar" as regras a meio do campeonato? Será
que nessa altura já havia influência do futebol? Fica-nos a
dúvida…
Paulo Almeida
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