Carlos Maia, presidente do IPCB
Politécnico em toda a linha
A alteração da designação de Institutos Politécnicos
para Universidades de Ciências Aplicadas foi defendida pelo
presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco, Carlos Maia,
durante a sessão solene do 33º
aniversário do IPCB.
No entender de Carlos Maia essa
alteração viria ao encontro do que "acontece no resto da Europa",
onde instituições de matriz politécnica, "asseguram a formação
profissionalizante que vai do nível 5 (curso superior de curta
duração) até aos doutoramentos de natureza profissional ou
performativa".
"Que outro nome, para além de
preconceito, se poderá dar ao impedimento administrativo dos
institutos politécnicos ministrarem doutoramentos
profissionalizantes?", questionou Carlos Maia, enquanto
acrescentava que "os politécnicos apresentam centros de
investigação de excelência, reconhecidos pela Fundação da Ciência e
Tecnologia e corpos docentes altamente qualificados reconhecidos
pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior".
No entender do presidente do IPCB,
com os doutoramentos profissionalizantes ministrados pelos
politécnicos se evitariam "situações caricatas, como as verificadas
na área da enfermagem e das tecnologias da saúde ou na área das
artes performativas, em que os orientadores dos doutoramentos
realizados nas universidades são docentes recrutados no ensino
superior politécnico, porque é nesse subsistema que existe know-how
nessas áreas".
A importância do IPCB na região foi
novamente sublinhada por Carlos Maia. O presidente do Politécnico
voltou a destacar o impacto anual que a instituição tem na região e
que "correspondeu, em 2012, a 40 milhões de euros, o que equivale a
5,6% do PIB dos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova".
E acrescentou: "por cada euro gasto
pelo Estado no financiamento do IPCB foi gerado um nível de
atividade económica de aproximadamente 3 euros. Não é conhecido
nenhum investimento público na região que tenha igual retorno".
O presidente do IPCB criticou ainda
as médias negativas dos exames nacionais: "como é possível que as
médias negativas dos exames nacionais, que ano após ano envergonham
o país, sejam encaradas como se de uma normalidade se tratasse?
Este ano de 2013 a média do exame nacional de Matemática A,
realizado a 25 de junho por 47.562 alunos, foi de 8,2 valores (numa
escala de 0 a 20), sendo o pior resultado dos últimos sete anos
nesta disciplina".
Por isso considera que "ou o grau
de exigência durante o ano letivo não é o adequado ou o grau de
dificuldade dos exames não constitui uma boa aferição do desempenho
dos alunos ao longo do ensino secundário".
O presidente do Instituto
Politécnico de Castelo Branco, Carlos Maia, criticou as fortes
reduções do Orçamento de Estado (OE) para com as instituições de
ensino superior. Uma crítica reforçada pelo próprio presidente do
Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos, Joaquim Mourato,
durante a sessão solene dos 33 anos do IPCB.
"Nos últimos sete anos as dotações
do OE sofreram cortes de 50 por cento, para além de terem aumentado
de forma bastante considerável as contribuições sociais,
nomeadamente para a ADSE e para a Caixa Geral de Aposentações",
referiram. No entender de Joaquim Mourato, estes sucessivos cortes
e aqueles que já foram anunciados para o próximo ano "violam a
autonomia financeira das instituições".
Joaquim Mourato lembrou ainda que
"os politécnicos têm recebido propostas perigosas para os
institutos do interior do país", mas lembrou que é a própria OCDE
que recomenda a Portugal "mais ensino superior politécnico".
No seu discurso, Carlos Maia
abordou também o decréscimo de candidatos ao ensino superior. "De
2008 a 2013, verificou-se um decréscimo no número de candidatos de
53451 para pouco mais de 40000, ou seja, em 6 anos assistimos a uma
redução de cerca de 25% de candidatos".
O presidente do IPCB recorda que
dos "159 mil 153 alunos que fizeram exames nacionais no ensino
secundário em 2013, quase 100 mil estavam em condições de concorrer
ao ensino superior, mas apenas 40 mil o fizeram".
Homenagem dos
25
Os docentes e funcionários com 25
anos de serviço no Instituto Politécnico foram distinguidos com a
medalha da instituição. A entrega precedeu a atuação da tuna do
IPCB, a qual encerrou a cerimónia.